"Não temos conhecimento de grandes números de crianças que não tenham as vacinas em dia nas escolas nossas associadas e ao longo dos anos não tem sido um problema que se tenha colocado ao nível dos serviços jurídicos", disse à agência Lusa o diretor executivo da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo.

Rodrigo Queiroz e Melo avançou que está a ser preparada uma circular a enviar às escolas associadas referindo que, "tratando-se de um caso de saúde pública, têm de ser cumpridas rigorosamente todas as indicações que venham a ser dadas pela Direção Geral de Saúde".

O diretor executivo da Associação falava à Lusa a propósito da situação atual em Portugal, com 21 casos de sarampo confirmados desde janeiro de 2017, e a morte de uma jovem de 17 anos, sem a vacina, com a doença.

"Os estabelecimentos de ensino particular associados têm sido aconselhados a estarem muito atentos, sabendo que a responsabilidade é com o respeito das liberdades individuais de cada um, mas também garantir integralmente a saúde e bem estar dos alunos que estão nas nossas escolas", relatou Rodrigo Queiroz e Melo.

"Tipicamente, quando há crianças que não têm as vacinas em dia, as famílias são contactadas e é-lhes chamada a atenção, pedindo que regularizem a situação, e não temos notícia de ter havido qualquer situação, nunca nos foi colocado o problema" relacionado com casos de vacinas que não estejam em dia, continuou.

No entanto, acrescentou o diretor executivo, "não sendo a vacinação obrigatória, a não ser que esteja previsto no regulamento interno do colégio que tem de ter as vacinas em dia, não há razão para não manter a criança, chamando sempre a atenção [que], quando estiver em causa a saúde pública, é necessário assegurar que não estão em causa as restantes crianças".

Uma jovem de 17 anos, que não estava vacinada, morreu hoje com sarampo no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa.

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), desde janeiro de 2017 até hoje foram confirmados 21 casos de sarampo em Portugal, havendo outros 18 casos em investigação.

O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas, habitualmente é benigna mas pode ser grave e até levar à morte.

Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, a questão preocupante é que existem pais que não estão a vacinar as crianças criando um problema de saúde pública, uma vez que uma pessoa com sarampo pode contaminar dezenas ou centenas.

“O sarampo é uma doença altamente contagiosa que se contagia através do ar ou do contacto. Por exemplo, numa sala fechada com dez pessoas se uma delas tiver sarampo e as restantes não estiverem imunizadas oito vão contrair a doença”, explicou.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo e a vacina é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV). As crianças devem ser vacinadas aos 12 meses e repetir a vacina aos cinco anos.