"40% da população mundial não tem acesso à educação numa língua que os alunos entendam", informou o estudo 'Se não entende, como pode aprender?', divulgado pela delegação regional da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em Santiago.

Ser educado numa língua diferente da materna pode ter efeitos negativos na aprendizagem das crianças, especialmente naquelas que vivem em situação de pobreza, refere o documento. "É essencial incentivar o pleno respeito pelo uso da língua materna no ensino e na aprendizagem e promover a diversidade linguística", afirmou Irina Bokova, diretora-geral da Unesco, que apresentou este estudo em Paris.

As experiências escolares das crianças que receberam educação na sua língua materna revelam um impacto favorável nas qualificações obtidas, bem como uma redução nos índices de reprovação e de abandono escolar, segundo a Unesco.

A organização recomenda que as crianças recebam, por isso, educação na sua língua materna por um período de pelo menos seis anos e que, em cada país, as políticas consagrem a importância de ter educação na língua-mãe, capacitando os professores para que possam ensinar em dois idiomas. "A aplicação de políticas linguísticas inclusivas nos sistemas educativos, não apenas ajudará a melhorar os resultados de aprendizagem, mas irá também contribuir para a tolerância, a coesão social e, em definitivo, para a paz", afirmou Bokova.