"O futuro da Europa tem de passar pelo reforço desta solidariedade e os políticos têm de ter a coragem de afirmar que a solidariedade é uma obrigação ética de um país que queira ser parte do clube. Não se podem ter os benefícios sem contribuir para a mesma", disse hoje o responsável da Comissão Europeia para a Ciência, Tecnologia e Inovação, na abertura do seminário diplomático, em Lisboa.

Carlos Moedas deu vários exemplos do que considerou ser "quebra de solidariedade", como o facto de apenas alguns Estados-membros "terem o ónus" de acolher refugiados ou de "suportar a maior parte do fardo de defesa de fronteiras externas e processamento de refugiados", e ainda países que "falham nas suas obrigações de responsabilidade orçamental e que assim criam riscos e prejuízos a outros" ou que recusam facilitar o comércio livre dentro da União Europeia ou partilhar informações dos serviços de segurança.

"A solidariedade deve ser o valor político supremo do projeto europeu. É um elemento comum para compreender e enfrentar crises como as do euro, dos refugiados ou segurança", defendeu.

Carlos Moedas considerou que o populismo que hoje se observa na Europa "é a expressão acabada da erosão desta solidariedade", apontando que os populistas da extrema-esquerda e da extrema-direita "têm em comum uma visão egoísta, centrada no curto prazo".

O comissário europeu apontou a conectividade - física e digital - como um fator determinante, no futuro.

"A prosperidade de cada país passa cada vez mais pelo grau de conectividade física e digital com o resto do mundo e a forma como se consegue explorar essa conectividade para potenciar a economia", sustentou.

O comissário fez votos que "o grande desígnio" da agenda económica da UE na próxima década seja o investimento na conectividade dentro da Europa e na conectividade da Europa com o resto do mundo.

"Este é o ponto em que Portugal pode e deve ter um papel decisivo, devido à sua ligação com a lusofonia", sublinhou.

O seminário diplomático, que decorre hoje e quinta-feira em Lisboa, é uma iniciativa anual do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que reúne os embaixadores portugueses com membros do Governo e representantes da sociedade civil, academia e meio empresarial.