“Ramaphosa é uma pessoa de grande qualidade”, salientou à agência Lusa Sachs na Universidade Nova de Lisboa, depois de lhe ter sido atribuído o título de Doutor Honoris Causa por ter dedicado a vida na luta contra o “apartheid”, pela democracia e liberdade e pelos direitos humanos.

Albie Sachs, juiz jubilado, referiu que o vice-Presidente Cyril Ramaphosa “foi a pessoa mais envolvida na evolução da Constituição” da África do Sul, na qual o ativista dos direitos humanos teve um papel importante.

“Trabalhei muito com ele. Tem cabeça e os pés bem assentes no chão. E tem também coração”, referiu o ex-juiz do Tribunal Constitucional, destacando que o líder do Congresso Nacional Sul-africano (ANC), que decidiu na segunda-feira que Zuma devia apresentar a demissão em 48 horas, “é também colegial”.

Sachs, que perdeu parte do braço direito e parcialmente a visão num atentado em Maputo, em 1988, acrescentou que Ramaphosa “gosta de trabalhar com outros e não tem a paranoia que muitos líderes têm de que ‘sou o melhor’ e que todos são inimigos”.

O ativista dos direitos humanos sublinhou que a saída de Zuma, que enfrenta acusações de corrupção, corresponde ao desejo “de muita gente que quer profundamente que haja renovação, transformação, recuperação da integridade estatal”.

“Também querem que os líderes governamentais sejam pessoas de capacidade, de experiência, pessoas fortes que podem levantar a economia”, afirmou Albie Sachs, após a cerimónia de atribuição do título de Doutor Honoris Causa, presenciada pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Albie Sachs salientou que “parece que o ANC quer avançar rapidamente para a nomeação de um novo Presidente, que pode ser Ramaphosa para manter uma continuidade na Presidência” e para “resolver a crise”.

“As energias estão a convergir para levantar a economia e para recriar as relações interpessoais entre grupos diferentes mas como projeto claro”, afirmou, acrescentando: “Acho que o nosso povo pode ter uma renovação de entusiasmo, não exatamente igual ao tempo de Nelson Mandela, mas uma continuidade daquele tipo de otimismo”.

O Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, anunciou hoje a demissão do cargo, “com efeitos imediatos”, acatando as ordens do partido, o Congresso Nacional Africano (ANC).

“Decidi demitir-me do cargo de Presidente da República com efeitos imediatos, apesar de discordar da direção do meu partido”, afirmou Zuma, numa declaração transmitida pela televisão.

A declaração foi feita horas depois de, numa entrevista, Zuma ter recusado ceder à exigência do partido, que na segunda-feira lhe deu 48 horas para se demitir, e afirmado que aceitaria contudo a decisão do parlamento, que tem previsto votar na quinta-feira uma moção de censura.

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