Ana Rodrigues, que mora a cerca de cem metros do local do acidente, estava no quintal a estender a roupa quando percebeu que algo não estava bem com uma aeronave que "dava piruetas no ar" de uma maneira pouco habitual.

"Achei estranho, não costumam fazer isso. Continuou a rodar e cheguei a pensar que ia cair no meu quintal, a direção era essa. Agarrei nos meus filhos e fugi para dentro", contou.

Ainda ouviu "um grande estrondo e depois outros dois" antes de voltar a olhar para fora, quando despontavam as chamas no parque de descargas do supermercado Lidl e da habitação atingida pelo incêndio provocado pela queda do avião onde seguiam quatro pessoas.

A queda do avião dominava todas as conversas na zona, quando dezenas de pessoas ainda tentavam ver, de longe por causa do cordão policial, as operações de rescaldo que se prolongam durante a tarde.

Junto à barreira de segurança, Ana Batalha inquietava-se com o fumo que se erguia do local do acidente, ainda sem saber se a escola primária do filho teria que ser evacuada.

Assim que soube do acidente correu para o local, mas já não conseguiu aceder à escola. "O meu medo maior foi que tivessem que evacuar a escola e não conseguissem avisar os pais", admitiu.

"As pessoas preocupam-se sempre e hoje aconteceu uma grande desgraça", afirmou.

Francisco Benvinda, que trabalha a poucos metros do local, ouviu o mesmo "estrondo enorme" antes de sair à rua e ver a enorme coluna de fumo negro que segundos depois se levantou no céu.

Apesar de os aviões serem uma constante para quem mora em torno do aeródromo, Francisco Benvinda afirma que está "sempre à rasca, sempre com medo".

Num café junto ao sítio do acidente, moradores atónitos, alguns a chorar, eram confortados por amigos e familiares.

Por todo o lado se viam pessoas a falar ao telemóvel, a contar o que se estava a passar e relatando o aparato das operações de socorro e rescaldo.

Nas conversas de rua, as pessoas conjeturavam sobre o que teria feito cair a avioneta.

"Eu ainda a vi deitar fumo antes de cair e o barulho dela não era normal"; "estava-se mesmo a ver que isto um dia acontecia" eram alguns dos cometários.

Outros assinalavam "a sorte" de o avião ter feito apenas uma vítima em terra, apesar de ter caído junto a tantas casas.