Todos sublinharam a palavra tragédia para definir o que aconteceu no sábado e no domingo, com os fogos na região centro e admitiram que muito ficou por fazer, mesmo depois dos incêndios de junho em Pedrógão Grande e concelhos limítrofes.

À esquerda, PCP, BE e PS puxaram pela necessidade de consensos para medidas urgentes na política florestal, na prevenção e no combate aos incêndios.

O líder parlamentar do PS, Carlos César, avisou que “o Estado, os governos” e os serviços públicos “não podem mais falhar” e defendeu um “combate coletivo”, sem “disputas sem nexo” entre partidos na resposta aos incêndios florestais.

“Sentimos que a missão a que nos devemos devotar para esses efeitos não é a do desperdício de disputas sem nexo nem a do restrito combate partidário, mas sim a do combate coletivo a eventos e devastações como as que temos experimentado e que podem ser diminuídos nos seus danos”, justificou.

“Organizar, coordenar, prevenir, combater” são verbos que César afirma ser necessário conjugar neste “novo ciclo” pedido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

João Oliveira, presidente da bancada do PCP, defendeu que é preciso “reverter as opções de décadas de política de direita” e concretizar as medidas há muito identificadas no ordenamento da floresta e na prevenção dos fogos.

“Impõe-se reforçar o Estado onde ele foi desmantelado ou reduzido a mínimos”, afirmou João Oliveira.

Pelo BE, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares, admitiu que “o Estado falhou aos seus” cidadãos nesta tragédia dos incêndios que apelidou de “besta”.

Para Pedro Filipe Soares, é tempo de pensar em soluções e “passar para lá do jogo partidário, para lá dos relatórios e das leis que não são cumpridas e põem vidas em causa”.

Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), dirigiu-se mesmo ao primeiro-ministro, António Costa, para dizer: “Há muito por dizer, mas há muito mais por fazer, senhor primeiro-ministro”.

“Há muitas soluções que se encontram no papel e que é preciso passar para o terreno”, insistiu.

À direita, o deputado do CDS Telmo Correia afirmou que esta, a par dos incêndios de Pedrógão, foi uma tragédia sem par e “um horror” que matou 107 pessoas.

“Desta vez todo o país, todo o Portugal, foi Pedrógão Grande”, afirmou, dizendo ainda acreditar que “a população saberá levantar-se”.

O PSD, através do seu líder parlamentar, Hugo Soares, fez a intervenção mais curta para, além de expressar a solidariedade, dizem que o Estado falhou.

“Estamos disponíveis para não ficar na história como aqueles que nada fizeram para mudar as circunstâncias, mas já ficámos na história por termos sido aqueles que falharam”, concluiu.

Pelo partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Silva disse ter visitado hoje uma das zonas afetadas pelos incêndios, em Viseu, e descreveu aquilo que parecia uma “cena de ficção”.

“Infelizmente não é”, disse, criticando os anos e anos de desleixo do Estado quanto às suas florestas.