“Estamos aqui a assegurar todos os bens da fábrica, visto que já não recebemos o ordenado do mês de dezembro, não há subsídios e já foi dito que não há dinheiro”, disse à Lusa a representante dos trabalhadores, Rosa Loureiro.

De acordo com a mesma fonte, a fábrica não se encontra a laborar e pelo menos desde o início da concentração, há uma semana, os gerentes não foram às instalações.

“A empresa ainda não nos disse nada, o Governo também não e nós queremos soluções. Queremos que os processos se resolvam o mais rapidamente possível e que seja nomeado, pelo juiz, um novo gerente [administrador de insolvência]”, apontou Rosa Loureiro.

Pelas 17:45 os funcionários formaram um cordão humano, após se aperceberem de que tinham entrado nas instalações elementos da empresa Supskin, a quem a Gramax tinha alugado uma área para o fabrico de fatos de surf.

“O material pertencia à empresa [Gramax], hoje já não se sabe. Eles foram tão enganados como nós, mas não podemos permitir que saiam com nada até a situação estar resolvida”, explicou.

Pelo local passou também a deputada do Bloco de Esquerda (BE) de Loures, Isabel Pires, que disse estar “solidária” com os trabalhadores.

“Já em 2015, o BE questionou o Governo, quando se começou a falar de uma possível venda da antiga Triumph. Em 2016, houve um investimento para que pudessem continuar a laborar, no entanto, agora deparamo-nos com um processo de insolvência. […] Se houve ajudas estatais esta situação não poderia acontecer”, vincou.

Para Isabel Pires, pode estar em causa uma “insolvência fraudulenta”, que acarreta a “destruição da vida de quase 500 trabalhadores e das suas respetivas famílias”.

Ao protesto juntaram-se ainda dirigentes e ativistas sindicais da CGTP, vindos do Plenário Nacional de Sindicatos, que decorreu hoje em Lisboa.

“Viemos deixar uma mensagem de total disponibilidade para a luta destes trabalhadores. Esta é uma luta pelo respeito dos direitos dos trabalhadores. Esperamos que seja célere a nomeação do administrador de insolvência”, referiu o coordenador da União de Sindicatos de Lisboa, Libério Domingues.

Em vigília em frente às instalações de Loures há oito dias, os funcionários garantem que não vão desmobilizar até que o tribunal nomeie o novo administrador.

A fábrica da antiga Triumph (de roupa interior feminina), sediada na freguesia de Sacavém, no concelho de Loures, foi adquirida no início de 2016 pela Têxtil Gramax Internacional e emprega atualmente cerca de 400 trabalhadores.

No entanto, em novembro passado, a administração da empresa comunicou aos trabalhadores que iria ocorrer um processo de reestruturação, que previa o despedimento de 150 pessoas.

Em 05 de janeiro, depois de tomarem conhecimento de que a administração tinha iniciado um processo de insolvência, os trabalhadores iniciaram uma vigília à porta das instalações para impedir a saída de material.

As últimas informações dão conta de que o processo de insolvência terá dado entrada em tribunal, mas que não foi decretado um administrador.

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