Catarina Martins, que hoje assistiu à apresentação da candidatura de Ana Cristina Ribeiro à Câmara de Salvaterra de Magos, recusou esclarecer os jornalistas sobre se o pedido de “responsabilidades políticas” significa um pedido de demissão dos ministros da Administração Interna e da Defesa.

“Podemos olhar para o Governo PSD/CDS e para a forma como cortou irresponsavelmente no Estado, mas também temos que pensar que o Partido Socialista está no Governo e que há mais de um ano e meio aprovou Orçamentos do Estado e que deveria ter dado resposta a estas necessidades de serviços públicos”, afirmou.

No seu discurso, Catarina Martins criticou o facto de, no último ano, não terem sido gastos 1,6 mil milhões de euros que foram usados para “reduzir o défice ainda mais do que estava previsto”, vendo-se agora “a falta que fazem em todos os serviços públicos e no funcionamento do próprio Estado”.

Para Catarina Martins, “asfixiar o Estado e os serviços públicos é um risco enorme” que o país não pode “continuar a correr”.

A líder bloquista insistiu que, “quando muitas vezes se festejam números do défice mais ou menos extraordinários”, estas "poupanças extra, de facto, são falhar também onde o dinheiro é preciso”.

Catarina Martins afirmou que nos “próximos dias” é preciso “responder a todas as perguntas, apurar todas as responsabilidades e retirar responsabilidades políticas destes falhanços do Estado”, adiantando que, na próxima semana, o partido “tudo fará” para que seja criado um sistema de comunicações “público e capaz de responder e dar confiança às populações”.

Frisando que sobre a “tragédia” de Pedrógão Grande - onde há 15 dias 64 pessoas morreram num incêndio que atingiu vários concelhos da região - persistem muitas perguntas sem resposta, a líder bloquista afirmou ser claro que “o Estado falhou porque não fez a prevenção e porque ainda não são imperativas as ações em defesa da floresta em Portugal”.

Apontou ainda as falhas na proteção civil, nas comunicações mas também na coordenação, pedindo que não se falhe agora no apoio às populações.

“Muitos se perguntam como é que o Estado pode falhar assim”, afirmou, acrescentando a “perplexidade” e a “enorme preocupação” com o roubo de armamento de uma unidade do Exército em Tancos, que mostram mais um “falhanço em matérias fundamentais do Estado”.

“Não se consegue explicar e tem uma enorme gravidade, pelo armamento roubado, de que ainda não se sabe o destino e que ainda não foi resgatado, e também pelo que ficamos a saber da vigilância inexistente ao longo deste tempo”, acrescentou.

Às responsabilidades criminais que “têm que ser apuradas”, Catarina Martins pediu responsabilidades políticas perante “estas descoordenações e falhanços em funções essenciais do Estado”.

Saber que há dois anos não havia videovigilância “numa unidade tão sensível, com armamento tão sensível”, ou que das 500 equipas de sapadores que o país devia ter só existem 200, deve levar a “pensar no estado do Estado”, disse.

“O Estado não são gorduras, é a organização do país”, rematou.