Os arguidos, quatro mulheres e um homem com idades entre os 35 e os 44 anos, estão acusados de um crime de burla qualificada.

O Ministério Público (MP) chegou a acusar uma quarta sociedade do mesmo crime, mas esta foi, entretanto, alvo de dissolução, tendo sido declarado extinto o procedimento criminal.

Segundo a acusação do MP, a que a Lusa teve acesso, o esquema durou entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, causando um prejuízo de cerca de 120 mil euros às paróquias de Milheirós de Poiares (Feira) e Macieira de Sarnes (Oliveira de Azeméis), onde o padre exercia funções.

Durante este período, os arguidos terão contactado dezenas de vezes o pároco, convencendo-o a pagar faturas de publicidade em listas telefónicas, inserida à sua revelia e sem a prévia assinatura de contrato publicitário.

A vítima estranhava os contactos porque sabia que não tinha celebrado nenhum contrato de publicidade, mas os arguidos ameaçavam que se não pagasse a dívida esta seria exigida judicialmente e o padre, devido ao seu estado de saúde e à sua idade avançada, acabava por fazer o pagamento.

“A Paróquia, como instituição de acolhimento a quem precisa, não se pode dar ao luxo de gastar/esbanjar dinheiro, que é fruto das ofertas dos fiéis, em coisas supérfluas, quando tem tantas carências a quem dar resposta imediata (…) Já gastámos convosco muito para além do nosso parco orçamento. E o povo não nos perdoa!”, escreveu o padre, numa carta enviada a uma das empresas, onde pedia o cancelamento de futuras edições.

O despacho de pronúncia refere mesmo que a linguagem usada pelo assistente, a sua ingenuidade, remetendo logo no dia seguinte às solicitações os meios de pagamento das quantias exigidas, bem como os pedidos para o deixarem em paz e cancelarem de uma vez por todas as publicações, evidenciam “o estado de confusão” em que aquele se encontrava.