Göbekli Tepe, que se considera ser o primeiro templo da história da humanidade, é um mistério para os arqueólogos. Agora, devido à descoberta de três crânios com marcas rituais, pelo Instituto Arqueólogo Alemão, existem mais algumas 'pistas' quanto ao local e ao que lá se fazia.

De acordo com a National Geographic, os crânios neolíticos parcialmente conservados apresentam "uma perfuração, três casos de incisões, a aplicação de cor (restos de ocre) e pequenas marcas de corte". Os sete fragmentos encontrados correspondem a três indivíduos adultos de sexo indeterminado, entre os 20 e os 50 anos.

Percebeu-se, com a investigação, que as modificações foram feitas pouco depois da morte dos indivíduos, uma vez que não existem marcas de cicatrização. "Os três crânios de Göbekli Tepe representam uma categoria de descoberta nunca antes descrita, que indica uma interação entre os vivos e os mortos num importante centro ritual do começo do Neolítico", conclui-se.

Segundo o El País, a construção, erigida há 11.500 anos, é composta por "várias estâncias circulares com dois grandes pilares no centro que representam figuras humanas rodeadas por outras de menor tamanho, todas a olhar para o interior do círculo".

Acredita-se que o templo tenha sido construído por caçadores e recoletores nómadas que se fixaram no local, sendo o motivo completamente desconhecido. Contudo, não há qualquer indício de habitações, sepulturas, vestígios de animais domésticos ou áreas cultivadas na zona.

Lee Clare, coordenadora das investigações citada pelo jornal espanhol, afirma que "os caçadores estavam numa época de transição, fixaram-se aqui ainda antes de se ter inventado a agricultura". A investigadora considera a descoberta importante porque "mostra os símbolos, as imagens e a arquitetura do primeiro edifício monumental construído pelo homem", que permite "tentar compreender a sua visão do mundo".

Quanto aos crânios descobertos, pensa-se que as marcas serviam para "passar cordas para suster as mandíbulas", utilizando-os como "decoração ritual".

Julia Gresky, arqueóloga do Instituto Arqueólogo Alemão, citada pelo The Guardian, diz que os crânios suspensos podiam ser uma forma de relação entre a vida e a morte. "Eles acreditavam que o poder da morte estava a ir para a vida".

Klaus Schmidt, o arqueólogo que descobriu o local em 1995, defendia que o templo era "uma catedral primitiva a que as tribos nómadas peregrinavam desde dezenas ou centenas de quilómetros para realizar rituais". Esta era, então, a prova de que "a religião surgiu antes das primeiras sociedades organizadas em torno do poder militar e religioso".

Tendo em conta que uma religião necessita de "uma sociedade com classes que não existia naquele momento", o local é, para Lee Clare, "não apenas o primeiro templo do mundo, mas também o primeiro lugar social".