A convocatória, feita na passada segunda-feira, vem na sequência do simbólico plebiscito realizado domingo, em que os venezuelanos rejeitaram a continuidade de Maduro na Presidência.

A oposição venezuelana rejeita, designadamente, o projeto de Assembleia Constituinte promovido pelo Presidente.

No plebiscito participaram 7,5 milhões de venezuelanos, dentro e fora do país, com 98% a responder “sim” às três perguntas apresentadas: se rejeitavam a eleição de uma Assembleia Constituinte, prevista para 30 de julho, se pediam às forças armadas para acatarem as decisões do parlamento, onde a oposição detém a maioria, e se queriam uma renovação dos poderes públicos através do voto.

A greve geral de hoje, convocada pela aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática, constitui um “mecanismo de pressão e preparação para a escalada definitiva”, prevista na “próxima semana”, para “enfrentar a fraude constituinte e conseguir o restabelecimento da ordem constitucional”, segundo o vice-presidente do parlamento, Freddy Guevara, em conferência de imprensa na segunda-feira.

Maduro reiterou, na segunda-feira, que vai manter a convocatória para a eleição de uma Assembleia Constituinte, mecanismo que vai permitir alcançar “a independência e soberania”, em resposta aos apelos de vários países para que suspenda a votação.

Oposição venezuelana apresenta acordo de governabilidade para um próximo Governo

A aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) apresentou esta quarta-feira um "compromisso unitário para a governabilidade", o primeiro para um próximo governo de oposição.

"Quando um país decide mudar, não há força que o possa deter. Por isso, a mudança política na Venezuela não só é imparável, mas iminente. A unidade democrática chegou a um compromisso unitário para facilitar a governabilidade, eficiência e estabilidade do vindouro Governo de Unidade e Reconstrução Nacional", explicou o deputado Freddy Guevara, durante a leitura do acordo, numa conferência de imprensa em Caracas.

Segundo o documento, a que a agência Lusa teve acesso, o primeiro objetivo de um Governo de unidade opositora, será a "justiça social", um "compromisso com os mais pobres".

"O primeiro será a aplicação de um plano de atenção imediata à crise humanitária, com ênfase na alimentação (abastecimento e preços) e saúde (medicamentos e atenção médica), e a necessidade de dar respostas concretas ao legítimo descontento popular, com apropriado sentido de urgência e prioridade", adiantou.

Por outro lado, um programa de ataque "ao grave problema da insegurança, da violência e criminalidade, que inclua a depuração e saneamento dos corpos policiais (...), o desarmamento e desarticulação de grupos paramilitares que têm sido armados pelo atual regime e a atenção sistemática a fatores que se identificaram como causa e aumento da violência".

"Reforçar a unidade democrática como plataforma política (...), assim como criar uma grande frente social em que estejam presentes todos os setores do país, incluindo os que hoje adversam a necessidade de câmbio", declarou.

A MUD compromete-se "a um programa comum de unidade nacional", mediante "um Governo de Unidade e Reconstrução Nacional, amplo, pluralista e incluidor", em que o candidato presidencial opositor será escolhido através de eleições primárias da oposição e renunciará ao direito à reeleição imediata à Presidência da República.

"Comprometemo-nos a respeitar a Constituição. O nosso compromisso é que nunca mais as Forças Armadas sejam usadas e humilhadas em benefício de uma parcialidade política (...) aos titulares dos poderes públicos que tenham cometido graves violações ou delitos contra os venezuelanos ou a Constituição".

Segundo o documento, será realizada uma política descentralizadora e não haverá retaliação política ou perseguição de quem milite em partidos políticos distintos ao Governo de unidade.