“Nos últimos anos, as grande cidades, as cidades globais, estão muito mais fortes, estão a criar laços comuns. Há mais em comum entre elas do que existe entre as forças que estão a lutar contra a globalização e as forças do mundo”, disse Medina.

Segundo o presidente da Câmara de Lisboa, “as grandes cidades globais estão a criar uma coligação para lutar pela liberdade, pela abertura, pela diversidade, porque ganhar esta luta é uma condição para a sobrevivência do que fez destas cidades grandes”.

Fernando Medina, que falava no encerramento do primeiro dia do “Forum”, um espaço restrito de debate inserido na Web Summit, a decorrer em Lisboa, lembrou as “grandes dificuldades” atualmente enfrentadas pelos governos nacionais e afirmou que o mundo está atualmente a assistir “à emergência de cidades globais”.

“Cidades que sabem que a luta contra a desigualdade, a diversidade e a criação de oportunidades para todos é a condição para o seu sucesso como ecossistemas e para o seu posicionamento relativamente ao futuro”, afirmou.

Na sua intervenção, o autarca alertou para a necessidade de não se descurar a importância da política em face da revolução tecnológica atual, lembrando a história recente da Europa.

“Os tempos que estamos a viver já aconteceram no passado (…) Os grandes ímpetos de globalização conseguido na transição do século XIX para o século XX foi destruído pela política. A primeira guerra mundial destruiu a globalização. Depois disso tivemos depressão, a II Guerra Mundial e só depois disso conseguimos voltar a construir um mundo global. Temos de discutir a tecnologia, os seus reflexos, mas nunca nos podemos esquecer que é a política que vai decidir a cadência deste progresso e o aprofundamento deste mundo global”, observou.

Fernando Medina lembrou, a propósito, os alertas deixados na abertura da Web Summit pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, relativamente às grandes questões das desigualdade e alterações climáticas.

“O efeito combinado destes dois problemas está na origem de mudanças políticas, nomeadamente nos Estados Unidos, relativamente ao ‘Brexit´ ou a crise de terrorismo que temos um pouco por todo o mundo ou as migrações. As grandes questões precisam de uma resposta política. E não devemos desvalorizar estes problemas e a importância de os resolver no contexto de tudo o que se está a falar nesta conferência”, assinalou.

Para o presidente da Câmara de Lisboa, o tempo não é de “discutir teorias”, mas de “lidar com as consequências políticas”.

“Quando vemos alterações à composição de governos em todo o mundo, quando olhamos para os Estados Unidos, quando vemos emergir um ambiente que a minha geração julgava extinto desde o final da II Guerra Mundial, devemos estar preocupados, devemos estar alerta e devemo-nos mobilizar”, disse.