• O fim
    A semana não tem sido apenas de chuva - tem sido mais escura que cinzenta, mais triste do que a palavra Primavera anunciava. Parece que a jornalista Tereza Coelho tinha razão: quando mais se bate no fundo, mais ele desce.
  • Lisboa, nem menina nem moça
    Havia alguém - julgo que a Catarina Portas, agora na lista das presidenciáveis para a Câmara de Lisboa, e muito justamente… - que escrevia, há pouco tempo, que o futuro mais provável do turismo em Lisboa seria o triste cenário dos turistas virem à capital de Portugal verem… outros turistas. Era o fe
  • A "tirania do medo"
    Todas as guerras em que as partes em confronto não têm as mesmas armas são, por natureza, injustas. Todas as guerras em que as partes em confronto têm princípios diferentes sobre a forma de combater, e sobre ideias simples como "não matarás à traição", estão por natureza perdidas por quem, apesar de
  • One Marcelo Show
    Ontem foi o dia de um homem só. Acompanhado, rodeado, acarinhado. Mas só. Ontem foi o dia de Marcelo Rebelo de Sousa, o novo Presidente da República, sozinho, sem partidos nem "apoios", sem cadernos de encargos nem deves e haveres de fretes e favores, exibir a Portugal como pode ser diferente a polí
  • No fim de contas, Cavaco
    Daqui a poucos dias haverá menos um nome na lista dos "culpados" de tudo o que sucede em Portugal. Para o bem e para o mal. Ficará como "culpado" de males passados, mas já não de mazelas futuras. Cavaco Silva cede a Presidência ao recém eleito Marcelo Rebelo de Sousa, sai de cena, e teremos menos um
  • Portugueses no mundo
    O debate entre António Guterres e Durão Barroso, que a RTP promoveu na terça-feira passada, teve todo o tipo de comentários e análises. Mas houve duas tendências maioritárias e divergentes nessas reacções: as que elogiaram a carreira internacional de ambos, e os conhecimentos e sabedoria que daí res
  • O eucalipto na floresta
    A notícia começa a ser recorrente: um jornal que decide "migrar" para o digital e deixar a versão em papel impresso, ou mesmo (como aconteceu com a revista FHM) fechar de vez e terminar um ciclo de vida. Esta semana, depois de meses de boataria, foi o britânico The Independent - e o excelente domini
  • Vão de carrinho...
    Houve um tempo em que ter carro era coisa de rico. Reconheço a ideia em filmes dos anos 40 e 50 do século passado, e em muitos romances que recuam a essas décadas. Mas não era nascido na época em que o mundo ocidental considerava o automóvel um objecto de luxo.
  • O problema do exemplo
    Tenho lido e ouvido o depoimento de muitos profissionais da hotelaria que declaram, sem qualquer espécie de vergonha na cara, que os preços não vão baixar na restauração mesmo que o IVA volte aos 13% de há uns anos. Ou seja: os mesmos que, quando o IVA subiu para os actuais 23%, fizeram recair sobre
  • A propósito de eleições
    Sempre que há eleições, lembro-me de um episódio caricato que vivi há duas ou três vidas - e que me ajuda a relativizar a vida, as pessoas, a política. Ao ver a reportagem da SIC, com Marcelo Rebelo de Sousa, na passada segunda-feira, primeiro dia do candidato eleito, essa historieta voltou a sentar
  • Marcelo, a TV e o voto
    Tornou-se um dos temas mais debatidos nesta campanha morna: Marcelo Rebelo de Sousa levaria vantagem porque foi, ao longo dos últimos anos, comentador politico na TV e na rádio. Ou seja, tornou-se popular. Que eu saiba, não há estudos que comprovem essa relação directa - e a minha intuição diz-me qu
  • Quem fica na História?
    A semana foi tão marcada pela figura e pela obra de David Bowie que é difícil escapar-lhe. Já tudo foi dito, as canções recordadas, as múltiplas imagens do camaleão devidamente assinaladas. Há primeiras páginas de jornais notáveis, como a do francês Liberation e do britânico The Guardian; há textos
  • Comédia ou reality-show?
    A Constituição da Republica Portuguesa não estabelece um patamar acima do qual (ou, mais rigorosamente, abaixo do qual…) a ideia de democracia ganha contornos de ridículo, absurdo, de estapafúrdio, de risível. Se o fizesse, tenho a certeza que os momentos que vivemos nestas semanas já estavam no top
  • O verdadeiro artista
    Quando comecei a trabalhar em jornalismo, há mais de 30 anos, havia uma ideia clara sobre a expressão "verdadeiro artista" (e convém sublinhar que escrevia no "Sete", semanário dedicado ao mundo dos espectáculos). E o "verdadeiro artista" era, em Portugal, Marco Paulo - como no Brasil seria Roberto
  • Nuvens sobre o clima
    Estamos a atingir um ponto limite de desconfiança sobre a raça humana. Até o jornalismo perdeu a sua maior arma: a credibilidade. Ninguém acredita em ninguém, números e factos são sempre contraditados com perguntas e dúvidas, e o óbvio tornou-se duvidoso.
  • A ferida aberta
    Tenho ouvido algumas vozes mais precipitadas - não lhes quero chamar tontas… - dizerem que os 120 despedimentos no processo que envolve os jornais Sol e i só têm grande destaque por se tratar de jornalistas a escrever sobre colegas jornalistas. Como quem diz: há centenas de despedimentos, todos os d
  • Guerra em tempo de paz
    Ontem à noite, enquanto na televisão se mostravam as imagens dos tiroteios em Saint-Denis, e se descrevia a meticulosidade com que os militares franceses foram directos à casa de quem sabiam que tinha qualquer coisa a ver com os ataques de sexta-feira passada (não foi por acaso, certamente, que uma
  • Nem muro nem vedação
    Sinceramente, a crise política que vivemos interessa-me pouco. Não porque ela não vá ter peso e influência na vida de todos nós - oh se vai… -, mas porque me irrita ouvir as mesmas palavras em bocas diferentes, os mesmos argumentos em sentidos contrários. A repetição aborrece e cansa-me. Já ouvi dep
  • Pão e circo (mas sem pão…)
    Na passada terça-feira, quem circulasse de automóvel na zona central de Lisboa pela hora do almoço sentiria na pele o sufoco de uma cidade paralisada. O trânsito estava caótico, as filas entupiam o Marquês de Pombal, e só para dar uma ideia do fenómeno, o percurso de Entrecampos a Campo de Ourique d
  • Revista à portuguesa
    O que parece mais interessante no momento político nacional - e até, quem sabe, objecto de estudo para o futuro - é o facto de os protagonistas, sem excepção, protagonizarem uma qualquer personagem, interpretarem um papel, e ficcionarem a realidade como se efectivamente vivessem nesse inexistente mu
  • Cartas na mesa
    Nós cumprimos o nosso papel (falo por mim, claro, e pelos que foram até às câmaras eleitorais): votámos no dia 4 de Outubro. Depois, coube àqueles senhores entenderem-se sobre a melhor forma de continuar a delapidar o país e a dar-nos cabo da paciência… Pelos vistos, não chegam a qualquer acordo, ai
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