Nesta entrevista, Correa começa por associar o futebol a um “farol de alegria”: “para mim, o futebol sempre foi um farol de alegria, desde os 10 anos, quando perdi o meu pai, converteu-se em algo que me afastava de tudo o que me fazia mal”.

Depois da morte do pai, o futebol continuava a funcionar como uma âncora para o jogador: “depois, perdi dois irmãos e o futebol é o que me faz esquecer isso também, é cada vez que entro num campo que esqueço as perdas e que o único objetivo é divertir-me com os meus companheiros do Atlético ou com amigos em Rosário”.

O jogador fica, assim, sozinho com a mãe, a quem tinha de ajudar: “o meu representante pagava-me e eu dava o dinheiro todo à minha mãe, para que tivéssemos algo que comer”, confessou. Ainda assim, o jogador relembra a ajuda do padrinho, que olhava por ele: “era ele que comprava as chuteiras e que me obrigava a estudar”, confessa Correa.

Quando Angél Correia foi transferido do San Lorenzo para o Atlético de Madrid, teve de passar por uma cirurgia ao coração. Quando estava a fazer os exames médicos para assinar o contrato, os médicos repararam “em algo estranho”, como recorda o jogador, e foi aí que foi informado de que tinha de ser operado ao coração.

“Os médicos encontraram um problema raro no meu coração e disseram que tinha de ser operado. A primeira coisa que pensei na altura foi que não podia ser, que tinha de jogar a meia-final da Taça dos Libertadores pelo San Lorenzo. Tinha-nos custado tanto chegar até ali. Queria muito jogar”, confessa o jogador. Confrontado com a ideia de uma cirurgia, Correa questiona então os médicos se podia continuar a jogar futebol depois da cirurgia: “os médicos disseram-me que ia ficar tudo bem e que não corria riscos de não voltar a jogar”.

Devido à resposta tranquilizadora, Correa, “mais a frio, decidi que o melhor era ser operado porque era jovem e a operação ia ser boa”.

Depois de ser operado, e de ter corrido realmente tudo bem, Correa descobre que os médicos lhe mentiram: “mentiram-me para que fosse operado, porque logo a seguir à cirurgia confessaram e disseram-me que, felizmente, tudo tinha corrido bem”.