"O termo reativar é o mais correto para definirmos o que a atual direção pretende fazer. O clube fechou-se sobre si próprio e é preciso atrair mais associados e praticantes, nomeadamente mais jovens da zona de Alcântara. Neste momento temos apenas 400 sócios pagantes, o que é preocupante", afirmou à Lusa o jovem presidente do Atlético, um alcantarense ‘de gema' com apenas 39 anos.

Criado em 18 de setembro de 1942, na sequência da fusão de dois clubes de Alcântara, o Carcavelinhos e o União de Lisboa, o Atlético conta dois terceiros lugares no escalão principal do futebol nacional, em 1943/44 e 1949/50.

Além do passado com 24 temporadas na I Divisão de futebol, de onde saiu em 1976/77 para não mais voltar, o Atlético tem também história no basquetebol, modalidade em que conquistou uma Taça de Portugal, em 1953/54.

Recentemente, o Atlético regressou às competições profissionais, em 2011/12, contando cinco presenças consecutivas na II Liga, antecedendo as descidas até aos distritais.

"A nossa grande prioridade é resolver a situação financeira do clube resultante do conflito com a SAD", frisou Ricardo Delgado, eleito presidente do Atlético há quatro meses, através de uma lista única, ocupando o vazio resultante do pedido de demissão de Armando Hipólito, que esteve no cargo cerca de um ano.

A direção cessante entrou em rota de colisão com a SAD, cujos direitos são detidos em 70% pela empresa chinesa Anping Football Limited, gerida em Portugal pelo cidadão chinês Xiaolong Ji.

O conflito entre as partes extremou-se, com acusações de incumprimento proferidas pelos responsáveis do clube e da SAD, facto que acabou por provocar uma grande desmobilização dos sócios e a descida da II Liga para o Campeonato de Portugal e para os distritais.

A SAD inscreveu-se no primeiro escalão distrital e o clube, por seu turno, tem uma equipa a participar no segundo (I Divisão).

"Já tivemos algumas reuniões com a empresa chinesa que detém maioritariamente a SAD mas ainda não conseguimos chegar a acordo, pois eles não querem assumir e pagar as dívidas que contraíram com a direção do clube", revelou Ricardo Delgado.

Em consequência da crise financeira, o clube perdeu a gestão do complexo de piscinas do Alvito para a Junta de Freguesia de Alcântara, o principal motivo que levou à demissão de Armando Hipólito.

Entretanto, várias modalidades foram desaparecendo nos últimos anos, sobrevivendo atualmente apenas o futebol, masculino e feminino, o futsal e o basquetebol. Secções como a da natação, voleibol feminino, andebol, râguebi, hóquei em campo e triatlo acabaram por ser extintas.

Apesar deste cenário de crise, o bingo do Atlético vai sobrevivendo e é uma das principais fontes de financiamento do clube lisboeta.

José Almeida Antunes, que foi presidente do Atlético entre 2008 e 2016 e que ocupou diversos cargos no clube durante 33 anos, fala com bastante mágoa da situação.

"O Atlético vai penar imenso. O clube está a atravessar um momento dramático, bastante preocupante. Enervo-me bastante quando falo do clube e ainda recentemente tive de receber tratamento hospitalar", sublinhou o antigo presidente.

Almeida Antunes reconhece que Ricardo Delgado lhe parece ser uma pessoa bem-intencionada, "mas que está mal acompanhado ao nível da direção".

"A direção presidida por Armando Hipólito optou pelo conflito com a SAD, foi para os tribunais e nada resolveu. Nunca deveria de ter deixado de dialogar com os responsáveis chineses da SAD", acrescentou.

O atual presidente admitiu que tem sido complicado justificar certas questões aos sócios, nomeadamente aos mais antigos, mas recusa desistir dessa luta.

"As sucessivas direções do Atlético têm pecado por uma evidente falta de comunicação com os sócios, que nem sempre estão bem esclarecidos sobre o que se passa no clube. Temos de os cativar novamente", insistiu Ricardo Delgado.

Na segunda-feira vai realizar-se um jantar para se festejarem as ‘Bodas de Diamante' nas instalações da Junta de Freguesia de Alcântara, tendo Ricardo Delgado destacado a importância da presença de muitos sócios.

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