FC Barcelona e Real Madrid FC. Uma rivalidade com mais de um século de história que extravasa o campo de futebol. Este é um ponto assente que sabem todos os que gostam e seguem futebol e política.

Na Catalunha, na capital, Barcelona, ou em Madrid, na capital espanhola, o jogo entre os dois grandes de Espanha que se transformaram em colossos mundiais é muito mais do que um simples jogo. É, em primeiro lugar, uma visão entre dois modelos de estado, centralista, do lado madrilista, e federalista, a pender para o separatismo, do lado da cidade Condal.

O slogan “Més que un club” que o Barça ostenta resume algo que é muito mais do que o desporto em si. É um compromisso mais profundo com a região. Com as suas gentes. E com uma identidade que o diferencia, desde então, de Madrid e de quem governava (dois ícones da história recente, Primo Riviera e General Franco).

A cada encontro, e já lá vão 232, no mais bonito desporto do mundo, há tensões de parte a parte. No sábado, no Camp Nou, às 15h15, mais de 90 mil espetadores juntam a estas divisões, as tradições. Numa coreografia inédita, às palavras "Força Barça!" junta-se o mosaico que representa os castellers, tradição catalã de construção de uma torre humana, tudo decorado com as cores da Catalunha.

Após 114 anos de rivalidade poucos são os jogos de futebol que juntam no mesmo pote desporto, política e identidade social e cultural.

Mas há mais: os melhores futebolistas do mundo em campo, havendo, hoje em dia, dificuldade em saber qual o jogador que teremos “debaixo de olho”, sendo que nos últimos 20 anos artistas de ambas equipas dividiram entre si a quase totalidade dos prémios de Melhores Jogadores do Ano FIFA e Bolas de Ouro da France Football.

Recentemente, a disputa tem sido apimentada pela rivalidade Messi-Ronaldo, que dividem entre si os 8 últimos prémios de melhor do mundo da FIFA (Bola de Ouro).

Já foi um derby. Ganhou fama planetária de “el Clásico” e de partida do século.

Barça e Real já se defrontaram 232 vezes. Começou por ser um simples jogo, sendo que, o primeiro disputou-se em 1902.

Desde então até hoje, olhando para as estatísticas, no total, segue tudo por desempatar com clareza quem é o maior e melhor.

O Real venceu 93 partidas, o Barça 91 e empataram em 48 ocasiões. Os merengues marcaram 390 golos, sendo que os catalães meteram a bola na rede 376 vezes.

Na Catalunha, o cenário é diferente. Em 85 “Clásicos”, no Camp Nou, 49 vitórias para o Barça, 19 para o Real, com as equipas a dividirem pontos em 17 partidas.

A partida que durante quase um século foi denominada de “dérbi” ganhou contornos de “el Clásico” e de “partida do século” nos anos mais recentes. Muito por culpa de uma meia-final da Liga dos Campeões precisamente no início deste século. Curiosamente nunca se defrontaram numa final.

Evento planetário, se no estádio cabem 99.354 espetadores, na aldeia global serão milhões a acompanhar. No último encontro, em abril, 400 milhões de espetadores assistiram na televisão ao embate em que o Real Madrid quebrou a invencibilidade do Barcelona de 32 partidas sem conhecer a derrota. Curiosamente, a equipa de Zidane não perde há 32 jogos (em todas as competições).

A popularidade e a divisão está bem expressa em dois campos. Um real, o outro virtual.

O primeiro, na venda de camisolas a nível mundial. Entre 2011 e 2016, em média, por ano, Real e Barça venderam 1,65 milhões e 1,28 milhões de camisolas, só sendo ultrapassados pelo Man. United (1,75M). O segundo, transporta a “histeria” para as redes sociais. Com os catalães a serem seguidos por 94,7 milhões de amigos no Facebook e 18,9 milhões no Twitter, enquanto Real Madrid consegue conquistar 92,7 milhões para o Facebook e 21,1 no Twitter.

Os treinadores: Cruyff, Mourinho, Luís Enrique e Zidane.

Johan Cruyff, lendário jogador e treinador holandês que morreu este ano, ostenta o título de técnico que mais "Clásicos" venceu. Ao serviço do Barcelona, em 8 anos, seis vitórias e dois empates na receção aos eternos rivais. Do lado madrilista, Miguel Muñoz (1960-1974) esteve por 14 vezes em Camp Nou como visitante, ganhou 5 e perdeu outras tantas.

O português José Mourinho é chamado para esta rivalidade não pelos 5-0 sofridos em Camp Nou no ano de estreia, mas por causa de uma coincidência estatística com o que se verifica atualmente. Da última vez que Real e Barça estiverem separados por 6 pontos, com vantagem para a equipa de Madrid, José Mourinho era o treinador dos “galácticos”. Corria a temporada de 2012. Os catalães venceram, mas seria Mourinho a rir no final com a conquista do campeonato.

Luís Enrique e Zidane, os homens que se sentam no banco, defrontam-se pela segunda vez. O argelino naturalizado francês venceu o único encontro em que defrontou o aragonês que treina o Barcelona. Luís Henrique, no entanto, em 6 partidas, venceu 3 e perdeu outras tantas.

Ronaldo e Messi. Golos e títulos

Várias são as variáveis em que poderíamos pegar para analisar “o jogo dos jogos”. Habituados a Puskas, Di Stefano, Cruyff, Ronaldinho Gaúcho, Raul, Maradona, Ronaldo (brasileiro), e muito e muitos outros, as estrelas em campo é uma delas.

Nesse capítulo poderíamos dar como exemplo quais as contrações mais caras no presente plantel, o que seria fácil, bastando recorrer aos números de Neymar (94,6 milhões de euros) e Bale (108,3M€), embora este último esteja fora de jogo. Poderíamos até nem comparar valores de mercado e optar pelo que realmente acrescentam a nível futebolístico. Ai poderia entrar Iniesta, Suarez, Benzema, Ramos e muitos outros que provam que nunca como agora tantas estrelas cintilaram em campo.

Mas optámos pelo óbvio. Pelo duelo Cristiano Ronaldo-Leonel Messi. Porque talvez, hoje, como nunca, estará aqui bem expressa a rivalidade global destes clubes planetários. Quem é de um, nunca será do outro. E vice-versa. Clube e jogador.

Ambos têm a sua marca decisiva nos clássicos. Em 2007, Leonel Messi assina o seu primeiro hat trick, apresentando-se ao Real e ao mundo. Ronaldo estreou-se numa Taça do Rei que deu a vitória aos merengues.

Muitos são os episódios protagonizados por ambos. No total o internacional português celebrou 16 golos diante o eterno rival, enquanto “a pulga” fê-lo em 21 vezes.

Na presente edição de La Liga, Ronaldo soma 10 golos e 10 jogos. Messi tem menos um tento e o mesmo número de jogos. Lideram a lista de melhores marcadores.

Numa visão macro, com quase 600 golos divididos entre eles a nível da liga espanhola, ambos melhores goleadores nos respetivos clubes, Messi soma 529 contra os 567 de Ronaldo, nas respetivas carreiras, e, finalmente, com o argentino a liderar a tabela dos que mais golos marcou em clássicos (21), contra os 16 do madeirense, numa luta que Di Stefano serve de tampão.

15h15: Uma transmissão para o mundo ver

O jogo de sábado entre culés e merengues desperta o interesse mundial. Ao ponto de o mesmo ser disputado às 15h15 para que 185 países, um pouco por todo lado, consigam ver em direto um dos mais aguardados desafios de futebol do mundo.

50 operadoras compraram os direitos televisivos, 650 milhões é a audiência esperada, um recorde para um jogo da liga espanhola que será seguido por 37 câmaras fixas, 38 câmaras de tecnologia 360º, algo inédito.

Aos 400 profissionais da Mediapro que garantem a transmissão, juntar-se-ão 650 jornalistas de 230 meios diferentes.

Por fim, este encontro do século também se jogará nas redes sociais com #ElClasico e nas casas de apostas que, de acordo com o jornal El Expansion e citando a Associação Espanhola de Jogo Online, atingirá 25 milhões de euros.

Sábado se verá quem ganhou. Barça ou Real. Messi ou CR7. Em campo e fora dele.

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