Leonardo Jardim foi um dos oradores do primeiro dia do Football Talks, que decorre no Centro de Congressos do Estoril até à próxima sexta-feira. O treinador do Mónaco, que se apresentou em conversa com o moderador Carlos Daniel, falou sobre performance desportiva recordando a passagem pelo Sporting e o atual momento que vive em França.

Jardim explicou porque o conjunto monegasco deixou de ser uma equipa resultadistas e se transformou numa autêntica máquina goleadora.

"Quando comecei a treinar o Sporting, vindo de um sétimo lugar, tinha de ter resultados, a prioridade era apenas ganhar. No Mónaco (clube onde está há três anos) agora claro que quero ganhar e dar um pouco de espetáculo. Ou seja, quando não tenho a possibilidade de ter os melhores jogadores procuro apenas ganhar. Quando podemos conciliar os resultados com o espetáculo, melhor", sublinhou.

"Hoje em dia dou mais importância à gestão. Mas há 10 anos, quando treinava o Chaves, privilegiava o treino. São realidades diferentes e temos que nos adaptar”, realçou o treinador português.

É esta a marca deste Mónaco, uma equipa ofensiva e coordenada. As bases foram lançadas ao longo de três anos e isso reflete-se na capacidade dos jogadores jogarem de costas uns para os outros.

As boas relações com os selecionadores

Instado a comentar a relação entre clubes e seleções, Leonardo Jardim salientou que “os jogos da seleções são uma desadaptação para os jogadores que estão adaptados à forma de estar no clube. Os treinadores e a estratégia não são as mesmos”, realça. “Quando recebemos jogadores das seleções não estão nas melhores condições para jogar em três dias. Mas temos que viver com isso”, admite.

De forma a solucionar esta questão, “o mais importante é manter uma boa relação com os selecionadores”, algo que consegue fazer com “Fernando Santos e com Didier Deschamps”, referiu.

Jardim deixa um exemplo. “Vou jogar a final da Taça da Liga no sábado (dia 1 de abril) e tenho 14 jogadores nas seleções, que só deverão chegar na quarta-feira. Claro que não gostaria que jogassem os 90 minutos pelas suas seleções”.

O selecionador francês chamou quatro jogadores da equipa do Jardim: os defesas Benjamin Mendy e Djibril Sidibé, o médio Thomas Lemar e o avançado Kylian Mbappé, de apenas 18 anos.

Em março de 2016, a dois meses de terminar a temporada desportiva, o Mónaco está "na luta" nas quatro competições em que iniciou a época, tem o ataque mais avassalador da Europa e alguns dos jovens mais promissores do futebol mundial. De acordo com o ZeroZero.pt, são contabilizados 146 golos marcados em 55 jogos (incluindo pré-época). Os monegascos assumem uma média impressionante de 2,65 golos por jogo.

A adaptação do treinador português e a luta a dois na Liga portuguesa

O sucesso dos treinadores portugueses espalhados pelo mundo tem uma explicação para o timoneiro do líder do campeonato francês. Deve-se à “capacidade de adaptação” e “aos conhecimentos” adquiridos, destacando que os treinadores lusos “têm capacidade de falar de futebol, mas também de medicina desportiva e de gestão”, algo que lhes é proporcionado pelo “trabalho realizado pelas várias associações”.

À margem da sua participação no Football Talks, Leonardo Jardim comentou o futebol nacional. “A luta está a ser a dois, o Sporting atrasou-se e o mister [Jorge Jesus] acreditava que ia ser uma luta a três no início de época”. Sobre o futuro do futebol nacional é taxativo. “Não só o Sporting, mas todos os clubes portugueses têm de ser formadores. Portugal tem sido vendedor de jovens jogadores, não está no topo das ligas e temos de ser um país vendedor”, concluiu.

Jardim parece aplicar bem esta "medicina" de que falou. Feita análise ao modo como o treinador português engendrou a sua equipa, apercebemo-nos da importância que atribuiu agora à gestão. Basta ver o modo como recuperou o colombiano Falcao (quando todos já ditavam prematuramente o fim da sua carreira) e com um Bernardo Silva a assumir-se cada vez mais um craque.

Não obstante, ainda mantém a confiança no jovem Mbappé, prodígio francês, que parece uma mistura de duas estrelas gaulesas que despontaram no principado: Thierry Henry e David Trezeguet. Embora existam outros casos no plantel, como o caso de Fabinho, que foi lateral no Rio Ave, mas que a maior parte das vezes no Mónaco joga no meio-campo. Esta é apenas a realidade mais próxima dos portugueses.

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