Na passada madrugada de segunda-feira, nos instantes finais do jogo 4 entre os San Antonio Spurs e os Golden State Warriors (que terminou com a vitória destes últimos e significou o fim da temporada para a equipa texana), Manu Ginobili foi brindado com esta demonstração de carinho e respeito por parte dos adeptos dos Spurs:

Foi uma ovação que soou a despedida. Ginobili faz 40 anos no próximo mês e esta poderá ter sido a última vez que vimos o astro argentino num campo de basquetebol (esperem, dêem-nos só um minuto para digerir isto).

A propósito dessa possível (provável?) retirada do jogador argentino, a ESPN lançou uma sondagem no seu site e pergunta se ele tem lugar no Hall of Fame. Como para nós não há dúvidas sobre a resposta a esta questão (a única dúvida é o que andaram a beber os 11% que votaram “não”), levantamos aqui outra: se Ginobili decidir colocar um ponto final na sua carreira recheada de sucessos, em que lugar fica na lista dos melhores jogadores não-americanos da história da liga norte-americana? Segue a resposta abaixo.

Antes de mais, temos de começar este top 10 dos melhores estrangeiros de sempre com um esclarecimento, um asterisco e um trio de menções honrosas para jogadores que não entram no mesmo.

O esclarecimento

Tim Duncan nasceu nas Ilhas Virgens, mas não entrou nestas contas, pois as Ilhas Virgens são um território sob administração americana e os seus habitantes são cidadãos americanos.

Também não contámos com outros três outros jogadores que não nasceram em solo americano, mas são cidadãos americanos: Kyrie Irving, Patrick Ewing e Dominique Wilkins.

Wilkins nasceu em França porque o seu pai estava lá destacado numa base aérea americana, mas é cidadão americano desde o nascimento. Tal como Ewing, que nasceu na Jamaica, mas emigrou para os Estados Unidos com a família quando ainda era criança. Tem nacionalidade americana e representou a seleção (foi um dos membros do Dream Team original). E Irving nasceu na Austrália quando o seu pai jogava lá, mas também tem nacionalidade americana.

O asterisco

Quando Giannis Antetokounmpo terminar a carreira (salvo alguma lesão ou algum acontecimento extraordinário que a descarrile — bate na madeira) é possível que tenha um lugar bem alto nesta lista, mas, para já, o que leva de carreira ainda não chega para entrar na mesma.


As menções honrosas

Para três dos melhores jogadores europeus de sempre: Drazen Petrovic, Arvidas Sabonis e Tony Kukoc.

Petrovic foi um dos pioneiros, um dos primeiros jogadores europeus a jogar na NBA. Entrou na liga em 89 e depois dum começo difícil nos Blazers estabeleceu-se (nos Nets) como um dos seus melhores atiradores. Teve uma média de 21.4 pontos e 44.7% nos 3pts nas suas duas últimas épocas e era uma questão de tempo até se tornar All Star, mas um acidente de viação pôs fim à sua carreira e à sua vida.
 Nunca vamos saber quão bom teria sido e até onde poderia ter ido na NBA. Foram circunstâncias trágicas que o determinaram, mas o seu currículo é mais curto do que o dos jogadores desta lista.

Sabonis foi o Jogador Europeu do Ano por 8 vezes e foi para a NBA apenas aos 31 anos. Com essa idade era ainda um dos melhores postes da liga, mas fica por saber o que poderia ter feito se lá tivesse jogado no seu auge.

Kukoc também só foi para a NBA depois duma carreira bem sucedida na Europa, mas foi ainda no seu auge. Foi o Sexto Homem do Ano em 96 e um elemento fundamental no segundo threepeat dos Bulls.

E o top:

N.º 10 — Vlade Divac


Médias de carreira: 11.8 pontos, 8.2 ressaltos, 3.1 assistências

Melhor época: 94-95 (Média de 16 pontos, 10.4 ressaltos, 4.1 assistências, 2.2 desarmes de lançamento)

Divac foi outro dos pioneiros europeus na NBA. Foi o primeiro jogador estrangeiro seleccionado pelos Lakers na sua história e tornou-se um dos melhores postes da liga. Foi seleccionado para a All-Rookie First Team em 90 e para o All Star em 2001. É um de seis jogadores na história com mais de 13000 pontos, 9000 ressaltos, 3000 assistências e 1500 desarmes de lançamento.


N.º 9 — Detlef Schrempf

Médias de carreira: 13.9 pontos, 6.2 ressaltos, 3.4 assistências

Melhor época: 92-93 (Média de 19.1 pontos, 9.5 ressaltos, 6 assistências)

Antes de Nowitzki houve Schrempf. O alemão com ar de Ivan Drago estreou-se na NBA em 85 (também nos Mavericks, à semelhança do seu compatriota) e aí jogou até 2001. Excelente atirador (várias épocas acima dos 40% nos 3pts e 51.4% em 94-95), foi o Sexto Homem do Ano por duas vezes, All Star por 3 vezes e foi às Finais com os SuperSonics em 96.

N.º 8 — Yao Ming


Médias de carreira: 19 pontos, 9.2 ressaltos, 1.9 desarmes de lançamento

Melhor época: 2006-07 (Média de 25 pontos, 9.4 ressaltos, 2 assistências, 2 desarmes de lançamento)

O gigante chinês (2,29m) revolucionou a NBA e abriu as portas do gigantesco mercado chinês à liga. Cortesia de milhões de chineses a votar em massa, foi All Star desde a sua primeira época e teve 8 selecções na carreira. Justiça seja feita, apesar do lugar cativo no All Star por via dos votos dos seus compatriotas, foi sempre um dos melhores postes da liga nessas épocas e um jogador com médias a rondar (ou a ultrapassar) os 20 pontos e 10 ressaltos por jogo. Infelizmente as lesões recorrentes nos pés obrigaram a uma retirada precoce aos 30 anos (em 2011).

N.º 7 — Manu Ginobili


Médias de carreira: 13.6 pontos, 3.9 assistências, 3.6 ressaltos

Melhor época: 2007-08 (Média de 19.5 pontos, 4.5 assistências, 4.8 ressaltos)

Quatro vezes campeão da NBA, duas vezes All Star e Sexto Homem do Ano em 2008. Os Spurs são uma das equipas da década e Ginobili é um dos maiores responsáveis por isso. Atira, penetra, assiste, defende, luta, faz de tudo em campo e bem.
Pela totalidade da sua carreira (porque o Hall of Fame não é apenas pela carreira na NBA), como dissemos no início do artigo, o lugar nos melhores de sempre da história do jogo está garantido, mas nesta lista só da NBA não podemos colocá-lo mais alto.

N.º 6 — Pau Gasol

Médias de carreira: 17.9 pontos, 9.4 ressaltos, 3.2 assistências, 1,7 desarmes de lançamento

Melhor época: 2009-10 (Média de 18.3 pontos, 11.3 ressaltos, 3.4 assistências, 1.7 desarmes de lançamento

Tem uma carreira de 18 anos como um dos melhores power forwards, um dos jogadores interiores mais versáteis e um dos melhores passadores interiores da liga. Capaz de marcar, ressaltar e assistir, foi o braço direito de Kobe Bryant e o outro MVP da equipa em dois títulos dos Lakers. Rookie do ano em 2002, o espanhol foi 6 vezes All Star e duas vezes campeão da NBA.

N.º 5 — Tony Parker


Médias de carreira: 16.2 pontos, 5.8 assistências, 2.8 ressaltos

Melhor época: 2008-09 (Média de 22 pontos, 7 assistências, 3.1 ressaltos)

O primeiro europeu a ganhar o MVP das Finais, em 2007. Quatro vezes campeão da NBA e seis vezes All Star, Le Blur leva já 16 temporadas na NBA, é um dos maiores obreiros do sucesso dos Spurs e é um dos melhores bases não-americanos de sempre.

N.º 4 — Dikembe Mutombo

Médias de carreira: 9.8 pontos, 10.3 ressaltos, 2.8 desarmes de lançamento

Melhor época: Mutombo teve papéis diferentes em equipas diferentes, por isso os seus máximos em pontos, ressaltos e desarmes não coincidiram nos mesmos anos: em pontos, o melhor foi em 91-92, nos Nuggets, com 16.6; em ressaltos, o melhor foi em 99-00, nos Hawks, com 14.1; e em desarmes foi em 95-96, nos Nuggets, com 4.5!

Um dos melhores defensores interiores e protectores do cesto de sempre. O seu gesto com o dedo sempre que negava um cesto a um adversário tornou-se mítico. Quatro vezes Defensor do Ano, 8 vezes All Star, 2 vezes Melhor Ressaltador, 5 vezes líder nos desarmes de lançamento e o segundo jogador com mais desarmes de lançamento na história da NBA.

N.º 3 — Steve Nash

Médias de carreira: 14.3 pontos, 8.5 assistências, 3 ressaltos

Melhor época: 2006-07 - 18.6 pontos, 11.6 assistências, 3.5 ressaltos

O melhor base não-americano de sempre e um dos melhores passadores e distribuidores de jogo de sempre. Oito vezes All Star, 3 vezes All NBA First Team e, algo que nenhum não-americano alguma vez conseguiu, 2 vezes MVP da NBA. Liderou a NBA em assistências 5 vezes (e tem cinco épocas com uma média acima das 11 por jogo) e é o melhor de sempre em percentagem de lances livres (90.4%). Faltam-lhe os títulos para disputar o primeiro lugar com os dois jogadores que se seguem.

N.º 2 — Dirk Nowitzki


Médias de carreira: 21.7 pontos, 7.8 ressaltos, 2.5 assistências

Melhor época: 2005-06 (Média de 26.6 pontos, 9 ressaltos, 2.8 assistências)

Provavelmente o melhor atirador de sempre entre os jogadores com a sua altura e um jogador de 2.13m com um tipo de jogo nunca antes visto, o que o tornou, ao longo de toda a carreira, tão difícil de defender e um dos maiores mismatches da liga. Treze vezes All Star, 4 vezes All NBA First Team, MVP da NBA em 2007, campeão e MVP das Finais em 2011 e o sexto jogador na história a chegar aos 30000 pontos (30260, até agora).

N.º 1 — Hakeem Olajuwon

Médias de carreira: 21.8 pontos, 11.1 ressaltos, 2.5 assistências, 3.1 desarmes de lançamento, 1.7 roubos de bola

Melhor época: 89-90 (Média de 24.3 pontos, 14 ressaltos, 2.9 assistências, 4.6 desarmes de lançamento, 2.1 roubos de bola)

Mas o melhor estrangeiro de sempre continua a ser este senhor. Hakeem The Dream, um dos melhores postes que já jogou na NBA e provavelmente o mais ágil e com melhor trabalho de pés de todos. Nowitzki pode ser imparável na marcação de pontos, mas Olajuwon era capaz de marcar, defender, ressaltar, passar, roubar bolas, desarmar lançamentos e fazer tudo isso com a agilidade e graciosidade de um base.
E o seu currículo é a prova de toda essa versatilidade: All Rookie Team em 85, 12 vezes All Star, 6 vezes All NBA First Team, 2 vezes Melhor Defensor, MVP da NBA em 94 e duas vezes campeão (em 94 e 95). É ainda o jogador com mais desarmes na história da NBA, 14º em ressaltos, 13º em pontos e 9º em roubos de bola (o único poste no top 10).

Márcio Martins já foi jogador, oficial de mesa, treinador e dirigente. Atualmente, é comentador e autor do blogue SeteVinteCinco. Não sabe o que irá fazer a seguir, mas sabe que será fã de basquetebol para sempre.

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