Nas estradas portuguesas ao longo dos próximos 10 dias e pouco mais de 1600 quilómetros, os corredores da 79.ª Volta a Portugal pedalam pelos objetivos não só pessoais, mas também pelos definidos por cada uma das 18 equipas em prova. São desenhados a cada quilómetro por onde o pelotão passa e em cada etapa.

Há quem lute pela camisola Amarela, procure ser o Rei da Montanha, o melhor Jovem em prova, quem obedeça ao “chefe de fila” e siga a tática desenhada pela equipa, quem queira ganhar aos pontos ou quem procure somente levantar os braços numa etapa ou terminar “a Grandíssima”.

Paralelamente, de Lisboa a Viseu, em cada uma das “Cidades do Ciclismo” onde a caravana da Volta estaciona, a responsabilidade social aproveita igualmente para pedalar.

“Pedalar por uma Causa” é o projeto que a Rubis Gás levará pelas estradas nacionais. Estará à chegada de cada uma das etapas com uma estrutura com três bicicletas. Basta “dar ao pedal”, acumular quilómetros nos 11 dias de competição e a verba angariada (5 euros por cada quilómetro) será canalizada para três instituições: Associação Acreditar, Ajuda de Berço e Dançando com a Diferença.

créditos: Paulo Rascão | MadreMedia

Ex-menino de rua lidera instituição que mete as crianças a dançar

Telmo Ferreira, Mariana Reis e Pedro Belo. Três nomes, três pessoas, cada qual um rosto por detrás de três instituições e associações de solidariedade social.

Telmo Ferreira está à frente da “Associação dos Amigos da Arte Inclusiva - Dançando com a Diferença”, vulgo “Dançando com a Diferença” uma associação madeirense criada por um brasileiro de São Paulo, Henrique Amoedo, em 2011.

Telmo, um dos mais novos de seis irmãos, vivia com os avós. 22 pessoas numa casa em Câmara de Lobos, Madeira. Só o avô trabalhava. “Era um ‘miúdo das caixinhas’, não ia à escola e era obrigatório chegar a casa com mil escudos se não levava uma sova de colher de panela ou fio de luz, seguido de banho de vinagre para tirar as marcas”, recorda.

Entrou para casa dos meninos que dançam e saiu da rua. Começou pela “cozinha”, onde fez formação, antes de escolher a dança e a expressão artística.

A instituição acolhe uma classe com 60 pessoas “com e sem deficiência” e está a finalizar um projeto apoiado pelo BPI “em que atua em centros de atividade especial e de bairros sociais”.

Itinerante, já fez espetáculos em “65 cidades e 2 países”. Uma reportagem na TVI catapultou-os para o espaço mediático, levando-os a programas de televisão.

Uma designer que também faz comunicação e angariação

Mariana Reis está há 7 anos na Associação “Ajuda de Berço”, associação que tal como o nome indica ajuda bebés “em risco de abandono, retirados da família, que regressarão, ou não, ou serão encaminhados para adoção, conforme a avaliação feita”, explica Mariana Reis, responsável de marketing e comunicação que se apresenta também com “fund raiser”, uma denominação que ganhou de um curso específico com esse mesmo nome e cujo papel leva-a a procurar captar verbas para a instituição

É designer de formação, mas foi parar à instituição com naturalidade. “Vi-me envolvida em projetos de voluntariado desde que me conheço”, sublinha.

Mariana Reis responde a jornalistas como parte do seu dia-a-dia. Mas desdobra-se noutros papéis. “Já fiz os cartazes para as campanhas, desenhei móveis, faço um pouco de tudo”, diz, rindo. “Ser designer ajuda”, completa.

Nas duas casas de acolhimento, Avenida de Ceuta e Monsanto, ambas em Lisboa, explica que “trabalham 65 pessoas” mais “40 voluntários”, e que, para além dos bebés, há crianças até aos 9 anos e outras que merecem cuidados especiais.

O informático que quer escrever um livro à volta do número 66

Pedro Belo é voluntário da “Acreditar” – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.

Enquanto informático (IT) do BCP conheceu a instituição por um mero acaso, fruto de um hobby que tinha: “era colecionador de pins da cadeia Hard Rock Café” e foi “apresentado” no dia de abertura em Lisboa. Desde então é voluntário, já lá vão 14 anos.

Trabalha com o projeto Arco-Íris. “É para crianças em fase terminal”, conta Pedro Belo.

Para além da Acreditar, Pedro Belo tem em mente um outro desafio para ajudar o outro. Viajante com dom para a fotografia juntará as duas paixões na edição de um livro que anda à volta do número 66. “Da Route 66 (mítica estrada que liga Chicago a Los Angeles, ligando a Costa Leste à Costa Oeste dos Estados Unidos da América), retratando 66 países ponde onde já passei, neste ano em que fiz 66 anos”, finaliza.

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