As certezas

Dele Alli - Tendo tido a sorte de observar, em primeira mão, o final da sua formação e o início da sua carreira como profissional no MK Dons, não é com espanto que vejo Dele Alli brilhar na Premier League. Depois de uma excelente campanha na época passada, coroada com a estreia pela selecção do três leões (alcunha da selecção inglesa), este tem sido o ano de afirmação do irreverente médio do Tottenham. Desde o início da época passada, Dele Alli já leva 21 golos na Premier League, fulminando os recordes de finalização de Paul Scholes, David Beckham, Frank Lampard e Steven Gerrard. O jovem inglês é, sem dúvida, uma das maiores certezas do futebol mundial e uma das melhores razões para acompanharmos a Premier League.

Thibaut Courtois - Há vários factores para a estabilidade do Chelsea e Courtois é um dos mais importantes. Sempre que é chamado a intervir, o belga tem sido gigante, como foi exemplo o jogo frente ao Sunderland. Com o Chelsea a ganhar por apenas um golo de diferença foi Courtois quem segurou os três pontos para os azuis de Londres. O guarda-redes lidera a tabela de ‘jogos sem sofrer golos’, com um total de 13 partidas invicto, e é claramente o representante máximo da excelente época a nível defensivo que o Chelsea está a fazer.

Alexis Sanchez - De longe, o melhor jogador da Premier League neste momento. Capaz de carregar o futebol ofensivo do Arsenal às costas, é graças a ele que Wenger e companhia se aguentam nos lugares cimeiros da tabela. Será muito interessante perceber o que decide Sanchez fazer no final da época caso o Arsenal, mais uma vez, falhe a conquista de títulos. Para já, o chileno consegue não só liderar a lista de marcadores, a par de Diego Costa (15 golos), mas também a dos passes a desmarcar colegas, com mais de 35 oportunidades oferecidas para companheiros de equipa criarem perigo, o que lhe vale também um honroso terceiro lugar na lista dos ‘jogadores com mais assistências’, com 7 no total e a apenas duas do primeiro, Kevin De Bruyne.

Menções honrosas: Adam Lallana (Liverpool), Diego Costa (Chelsea), Laurent Koscielny (Arsenal), Islam Slimani (Leicester City), Kevin de Bruyne (Manchester City), Jordan Henderson (Liverpool), Philippe Coutinho (Liverpool), Mousa Dembélé (Tottenham), Jermaine Defoe (Sunderland), Romelu Lukaku (Everton), Virgil van Dijk (Southampton), Nicolás Otamendi (Manchester City).

As desilusões

Claudio Bravo - Vindo do Barcelona para substituir Joe Hart, Bravo tem passado um mau bocado. Com imensas críticas por não conseguir parar os remates dos adversários que lhe aparecem à frente (na maioria das vezes sem oposição diga-se), o guarda-redes chileno é o lado da corda que rompe com mais facilidade sempre que os seus companheiros perdem a bola. Sem ter, em minha opinião, grandes culpas no cartório, o ex-culé não tem, ainda assim, sido capaz de elevar as suas exibições e conquistar o público inglês. Nos ‘lances aéreos ganhos’ ocupa a última posição da tabela dos guarda-redes, com quase metade dos números dos seus rivais Petr Cech (Arsenal) e Thibaut Courtois (Chelsea). Nas defesas efectuadas apresenta-se, adivinhou, no último lugar da tabela, com menos de metade do rival checo do Arsenal (31 e 63 defesas cada um, respectivamente). Ainda assim nem tudo é negativo e Bravo ocupa o primeiro lugar na tabela de ‘cortes fora da área’.

John Stones - Típico central inglês, mas que denotava uma boa capacidade para sair a jogar nos tempos do Everton, Stones não só está a sentir o peso do valor da sua contratação (o Manchester City pagou por ele 45 milhões de libras), como também está a sentir muitas dificuldades em se adaptar ao estilo de jogo de Pep Guardiola. Não é por acaso que é o jogador que ocupa a primeira posição na tabela de ’erros que deram golo’, com 3 falhas capitais.

Paul Pogba - A sua personalidade não parece ceder à pressão dos números. Ainda assim, a sua (re)adaptação ao futebol inglês tem levado algum tempo. Com o United a bater o recorde de transferência alguma vez feito (89.3 milhões de libras), Pogba tem sido, comparativamente com as expectativas, uma desilusão e o seu rendimento estará sempre associado ao seu valor de mercado. A melhorar de rendimento a cada jornada, o que o francês vai oferencendo, ainda não se compara com o que o clube e os adeptos esperam dele. Para contextualizar, Pogba ocupa o primeiro lugar da liga em ‘faltas cometidas’, com 45, facto que expõe a sua falta de ritmo e, muito possivelmente, a sua falta de cultura táctica, recorrendo à falta com muita frequência.

Menções (pouco) honrosas - Riyad Mahrez (Leicester City), Payet (West Ham), Loris Karius (Liverpool), Raheem Sterling (Manchester City), Marko Arnautovic (Stoke City), Erik Lamela (Tottenham), Eric Bailly (Manchester United)

As surpresas

Victor Moses - Já o mencionei várias vezes em análise ao Chelsea de Antonio Conte e até já teve direito ao seu próprio artigo. Moses tem sido o motor do 3x4x3 do italiano e após anos de adaptação ao Chelsea e à Premier League, é neste momento um dos jogadores-sensação. O nigeriano, juntamente com Courtois e Kanté, são das principais referências deste Chelsea.

Ben Foster - Aos 33 anos, o experiente guardião tem sido um dos grandes responsáveis pela classificação da sua equipa, o West Bromwich Albion. Com um sólido oitavo lugar é, a par do Everton, a única equipa fora do Top-6 a conseguir ter uma diferença de golos positiva. Para tal, o guarda-redes internacional inglês tem sido peça fundamental, ocupando o segundo lugar dos ‘guarda-redes com mais defesas’, com 81 no total.

Menções (supreendentemente, ou talvez não) honrosas: Matt Phillips (WBA), Dany Rose (Tottenham), Gareth McAuley (WBA), Harry Maguire (Hull City), Seamus Coleman (Everton), Kevin Mirallas (Everton), Etienne Capoue (Watford), Theo Walcott (Arsenal), Wilfried Zaha (Crystal Palace), Idrissa Gueye (Everton), Curtis Davies (Hull City)

As melhores contratações

Sadio Mané - O senegalês de 24 anos, que se encontra neste momento ao serviço da sua selecção no Taça das Nações Africanas, foi a peça escolhida por Klopp para revolucionar o ataque do Liverpool. Ganhando a titularidade de imediato, com ele os Reds são uma equipa muito mais perigosa. Vejamos os números: nos 19 jogos em que Mané participou, com os quais contribuiu directamente com 9 golos e 4 assistências, o Liverpool conquistou 13 vitórias, 5 empates e apenas 1 derrota. Sem o senegalês, o Liverpool fez 3 jogos em que obteve 2 derrotas e 1 empate. O irrequieto extremo é, em minha opinião, a contratação do ano até ao momento.

N’Golo Kanté - Vindo há três épocas para a Premier League, Kanté rapidamente impôs o seu estilo de jogo: correr, correr e correr. Claudio Ranieri, nos tempos do Leicester, chegava ao ponto de ter que lhe dizer para não correr tanto nos treinos. Se foi parte fundamental da consistência do Leicester na sua impensável corrida para o título - veja-se a diferença do Leicester sem Kanté -, o senegalês é agora também uma das pedras principais de Conte. O Chelsea leva 15 jogos sem sofrer golos e apenas concedeu 15 golos no total, isto em 22 partidas. Kanté é, sem dúvida (e a par de Sadio Mané), das melhores contratações dos últimos anos de qualquer clube inglês de topo.

Zlatan Ibrahimovic - Aos 34 anos, com apenas um ano de contrato, o sueco é um dos melhores jogadores da liga. "Devagar, devagarinho", mas com a classe de sempre, Ibrahimovic continua a ser uma máquina de fazer golos, e que golos. Nas tabelas da estatística, o ponta de lança lidera a dos ‘remates’, com 90 no total, e a dos ‘remates à baliza’, com 37 tiros enquadrados entre os postes. O sueco leva já 14 golos para a liga, estando a apenas a um tento de Alexis Sanchez e Diego Costa no topo da tabela dos marcadores.

Este fim de semana, a Premier League pára para dar a vez à Taça de Inglaterra (FA Cup), o que significa que para a semana temos jornada dupla, com um excitante Liverpool-Chelsea a disputar-se na terça-feira, dia 31, pelas 20h e logo no sábado seguinte, com um Chelsea-Arsenal a abrir a vigésima quarta jornada, logo pelas 12:30. Duas jornadas numa só semana que poderão colocar os perseguidores mais perto dos azuis de Londres ou, pelo contrário, que deixarão o Chelsea com uma mão no troféu da Premier League 2016/17.

Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra e tendo passado por clubes como o MK Dons e o Luton Town, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24.