Rafael Silva é um dos melhores atletas na modalidade em que compete, o judo na categoria acima de 100 quilos. Amanhã, na Barra da Tijuca, vai tentar conquistar a sua segunda medalha olímpica, ainda que o seu sonho de infância fosse ser agricultor. Tranquilo, equilibrado e discreto, Rafael Silva faz parte dos gigantes do judo, os pesos pesados. Tem 2,03 metros de altura e pesa 160 quilos. Vice-campeão do mundo em 2013, no Rio de Janeiro, espera que a cidade carioca volte a sorrir-lhe, mesmo que seja sul-matogrossense.

O ouro é quase uma ilusão, já que o francês Teddy Riner, vencedor em Londres-2012 e octacampeão do mundo, é o grande favorito, e mostra-se imbatível há seis anos. "Tento encontrar uma solução para o derrotar, mas é muito difícil. Espero enfrentá-lo na final no Brasil", disse Rafael numa entrevista concedida há alguns meses à AFP.

Com 29 anos, Rafael participa nos seus últimos Jogos Olímpicos e talvez termine a sua carreira depois dos Jogos do Rio-2016. Conquistou um bronze olímpico em Londres-2012, duas medalhas em mundiais (prata em 2013 e bronze em 2014) e sete medalhas em competições continentais. Uma carreira de muito sucesso para alguém que nunca sonhou com os Jogos Olímpicos.

"Eu gosto da minha vida, mas nunca tinha sonhado com isto. Quando era criança, queria ser agricultor, ter uma quinta, uma plantação. Na minha pequena cidade-natal há plantações de milho e era com isso que eu sonhava", contou.

Karaté e depois judo

Rafael Silva nasceu em Campos do Jordão, uma pequena cidade perto de São Paulo. "É uma cidade na montanha, onde faz frio e eu gosto de ir lá com a minha esposa", explicou o judoca. Após uma infância dedicada ao karaté, Rafael passou para o judo, que se tornou a sua paixão e que hoje é o seu ganha-pão.

Mas o judoca não vislumbra o futuro com confiança. "A situação é melhor graças aos Jogos Olímpicos. Mas estamos todos muito preocupados com que vai acontecer depois dos Jogos. E não sei o que vou fazer quando me aposentar. Estudei, talvez me torne professor. É um verdadeiro problema para os atletas saber o que fazer depois de uma carreira desportiva no Brasil", sublinhou.

De regresso nesta temporada após sete meses de ausência devido uma lesão, Rafael Silva gostaria que as Olimpíadas do Rio-2016 fossem um sucesso, mesmo que a crise que o país atravessa o entristeça. "Os Jogos são algo diferente do que temos organizado. É uma nova experiência para todos nós. Temos bastante problemas, mas estamos todos orgulhosos de ter os Jogos no Brasil. Se não houvesse os problemas de corrupção, seriam melhores", lamentou Rafael Silva.