Cristiano Ronaldo, internacional português a jogar no Real Madrid desde 2009, foi ontem acusado pelas autoridades espanholas de fraude fiscal no valor de 14,7 milhões de euros. Agora, o espanhol El Confidencial revela no seu blogue a alegada reação dos madrilenos à notícia.

Escreve o diário que o clube entrou em contacto com diversos meios de comunicação espanhóis, pedindo que se trocassem as fotos onde a estrela merengue aparece com a camisola do clube, por outras onde o capitão do Real Madrid não vestisse a camisola branca.

“Os valores do Real Madrid e dos seus patrocinadores estavam a misturar-se com uma notícia relacionada com o fisco, em que a palavra ‘fraude’ aparecia bem visível. Quando mais longe dela, melhor”, escreve o diário num artigo de opinião publicado esta madrugada.

Não podendo negar ou mitigar a notícia, o clube de Madrid tenta agora colá-la ao Cristiano Ronaldo, jogador português, e não ao Cristiano Ronaldo que marcou já 285 golos em 241 jogos pela equipa espanhola, diz o jornal.

Em sentido contrário, lembra o jornal, o Barcelona pôs-se ao lado de Messi quando o jogador argentino enfrentou o fisco espanhol, naquilo a que chamou “um monte de decisões externas inadmissíveis”. Já os madrilenos, parecem não querer ter nada a ver com isto.

“Felizmente para eles”, conclui o jornal, “agora Ronaldo está a preparar a sua participação na Taça das Confederações com a sua seleção e durante quase dois meses não vai vestir um equipamento com o símbolo do Real Madrid… No entanto, quando for falar com o Fisco, em muitos meios de comunicação social vai estar sempre a usar um fato de treino comprado em Portugal, independentemente da época do ano”.

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A notícia da acusação foi avançada pelo jornal espanhol El País, que adiantava que a procuradoria acusa o jogador de se aproveitar de uma estrutura societária criada em 2010 para ocultar ao fisco as receitas geradas pelos seus direitos de imagem em Espanha, algo que pressupõe um incumprimento “voluntário” e “consciente” das suas obrigações fiscais no país.

Numa declaração enviada ao Tribunal de Instrução de Alarcón, em Madrid, o Ministério Público cita a recente sentença do Supremo Tribunal contra o futebolista Lionel Messi, do Barcelona, que o condenou a 21 meses de prisão por ter defraudado o fisco em 4,1 milhões de euros.

Escreve ainda que Ronaldo se aproveitou de uma sociedade criada em 2010 para ocultar ao fisco as receitas geradas em Espanha pelos seus direitos de imagem.

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De acordo com a nota do Ministério Público enviada ao tribunal de instrução, em causa estão valores de 1,39 milhões em 2011, mais 1,66 milhões em 2012, a que se juntam 3,2 milhões em 2013 e 8,5 milhões em 2014.

Na base da acusação estão os direitos de imagem do jogador português ao serviço do Real Madrid desde 2009 e que, desde 1 de janeiro de 2010, é considerado residente fiscal em Espanha.