Numa noite em que Pink cantou “Star-Spangled Banner”, o hino dos Estados Unidos, e Justin Timberlake homenageou Prince durante o halftime show [o espetáculo de intervalo], em que se falou de yards, touchdown, quarterbacks, field goal, head zones, time outs e underdogs, fazemos aqui o rewind do Super Bowl LII, que opôs os Philadelphia Eagles aos New England Patriots, definindo o campeão da temporada 2017-2018 da National Football League (NFL - Liga Nacional de Futebol Americana).

Em Minneapolis, Minnesota, durante a 52ª edição do evento desportivo mais aguardado do ano na América, os Eagles arrecadaram o troféu Vince Lombardi e levaram para casa os 150 anéis que a NFL coloca à disposição do vencedor para que este distribua por jogadores, técnicos, médicos e quem mais entendam. No terceiro Super Bowl da sua história, a vingança está concretizada depois da final perdida em 2005 frente aos mesmos Patriots.

Os Philadelphia Eagles (de verde) foram os primeiros a entrar em campo. Logo de seguida — e com as câmaras a concentrarem atenções no quarterback Tom Brady e a recuperarem o momento em que chegou ao estádio com uma roupa que poderia ter sido escolhida, ou talvez não, pela mulher, a modelo brasileira Gisele Bundchen —, os New England Patriots (vestidos, agora, a rigor, de branco), entraram a passo de corrida no meio do corredor de mulheres bonitas com pompons nas mãos. Uma imagem de marca do Super Bowl, que se mantém, enquanto não são afetados com a proibição que atingiu outros desportos, como a Fórmula 1 já sem as meninas da grelha, e o ciclismo com a proibição da tradicional dupla de beijos ao camisola amarela.

Os suspeitos do costume versus o "underdog"

Os Patriots levavam na bagagem cinco títulos (e outros tantos anéis), na sua décima final. Por sua vez, os Eagles, apresentavam-se como os underdogs (equipa mais fraca e menos favorita), com dois jogos decisivos perdidos como curriculum.

Após o desfile das equipas, o título de Walter Payton “Man of the year” foi atribuído a J.J. Watt (Houston Texans), melhor defesa da NFL, que esteve quase ano todo lesionado. Este é um prémio que nada tem a ver com o que se passa no campo, mas sim fora dele, sendo atribuído pelas ações desenvolvidas em trabalhos para e na comunidade.

Super Bowl que é Super Bowl tem sempre momentos que a música assume o centro das atenções. No U.S. Bank Stadium, casa do Minnesota Vikings — estádio construído em 2013, todo coberto, que de fora mais parece um centro comercial e cuja arquitetura assemelha-se a um barco viking, tendo custado 962 milhões de euros —, depois de “America the beautiful”, uma canção que fala da América (whatelse!), foi a vez do hino americano. Pink, adepta dos Eagles, entregou a sua voz a “Star Spangled Banner” e, embora tivesse avisado que estava constipada, não fungou.

créditos: Christopher Polk/Getty Images/AFP

Um momento de grande emoção partilhado entre público e os tais robôs musculados, de capacete e ombreiras, com pinturas de guerra na face, as tradicionais luvas, a maioria delas brancas, e algumas toalhas a tira colo dispersas pelo retângulo de jogo e que dão uma tonalidade um tanto ou quanto feminina ao desporto para super-homens e cujos equipamentos (com uma espécie de leggings) ajudam.

Patriots começaram com a bola, Eagles com os primeiros pontos

Outro dos momentos marcantes que antecipou o jogo, na “Moeda ao ar”, 60 medalhas de honra pisaram a relva sintética misturada com relva natural, cabendo a honra a um Marine (fuzileiro), herói da Segunda Guerra Mundial, Hershel “Willie” Williams, decidir quem sairia com a bola: a sorte caiu para o lado dos Patriots.

Os primeiros 3 pontos da noite foram para os Eagles (7 minutos e 55 segundos, no 1º quarto de jogo - 1st quarter) através de field goal (pontapé). Os Patriots que nunca marcaram nos primeiros quinze minutos do jogo debaixo do reinado da dupla Tom Brady (quarterback) e Bill Belichick (treinador) quebraram esse enguiço e fizeram três pontos (4 minutos, 17 segundos), escrevendo-se, desta forma, história no jogo mais televisionado do ano, e que em 2017 teve uma audiência de 111 milhões nos Estados Unidos da América (atinge 160 milhões em 280 países).

créditos: Christian Petersen/Getty Images/AFP

Os Eagles marcaram o esperado touchdown por Alshon Jeffery, e a vantagem de 9-3 foi efusivamente celebrada num dos cafés e restaurantes de Lisboa que viram pequenos estádios para assistir ao jogo decisivo do futebol americano.

Foi assim no Tapas and Friends, nos Restauradores, em Lisboa, num local em que a cada jarda que os jogadores dos Eagles avançavam ou cada falhanço dos Patriots, em especial de passes falhados de Brady, era celebrado como se de um ponto (ou quase) se tratasse. Festejos explicados, ou não fosse a equipa que representa a região da Nova Inglaterra, no nordeste dos EUA, e os seus seis Estados (Maine, Vermont, New Hampshire, Massachusetts, Rhode Island e Connecticut), atualmente a mais odiada pelos restantes Estados norte americanos, e arredores.

créditos: Miguel Morgado | MadreMedia

E se toda a equipa dos Eagles junta tinha tantas presenças no Super Bowl como Tom Brady (Patriots), tal parecia não impedir que a equipa de Filadélfia se agigantasse e concretizasse o segundo touchdown da noite (15-3). A acabar o segundo, período os Patriots (em 18 jogos nesta época marcaram em 14 nos últimos dois minutos) encurtaram distâncias com os pontos amealhados com a jogada mais celebrada e pontuada, ou seja, quando o jogador entra com a bola na mão na área pintada de cor diferente.

Entre time outs pedidos (tempos de desconto solicitado pelos treinadores) e segundos antes do intervalo, Nick Foles, quarterback dos Eagles, no seu primeiro Super Bowl, levantou a sala (e o estádio) com mais um touchdown que viria a merecer os inusitados festejos dos jogadores, uns aos saltos e a imitaram galinhas a fazerem có-có-ró-có-có, e outros a “marrarem” com os capacetes uns nos outros. A concretização de um field goal separou as duas equipas por 10 pontos (22-12) antes das estrelas da NFL darem lugar à estrela da pop, Justin Timberlake, durante o halttime show, um dos tais momentos mais esperados na noite.

Justin Timberlake, cantou. Diana Matos, a bailarina portuguesa, dançou

Eagles, de Filadélfia e Patriots, da Nova Inglaterra, descansaram com 323 e 350 jardas percorridas, respetivamente, enquanto Justin Timberlake surgiu em palco pela terceira vez na história da final do futebol americano, 14 anos depois da mais controversa aparição, que envolveu Janet Jackson, em cuja performance, por acidente, mostrou mais do seu corpo do que devia.

créditos: EPA/JUSTIN LANE

Com uma imagem de Prince, Timberlake, que lançou esta semana o quinto álbum da sua carreira a solo, cantou, dançou, numa dança coletiva em que foi acompanhado de Diana Matos, bailarina portuguesa que vive em Los Angeles “há mais de uma década”, conta Gonçalo Pires, bailarino de profissão, que reside em Portugal, assistiu ao jogo, e que embora goste do futebol americano, “do jogo em si “, não é adepto de “nenhuma equipa em particular”.

Os 15 minutos de fama que valem uma época e os 30 segundos que valem milhões

O jogo demora quatro períodos de 15 minutos. 60 minutos que valem uma época, um valor simbólico superior aos 5 milhões de euros (4 milhões de euros) por 30 segundos de publicidade.

As duas equipas a partiram para os últimos 15 minutos de fama separados por três pontos (29-26), com vantagem para os Eagles.

créditos: Rob Carr/Getty Images/AFP

A 9 minutos e 22 segundos do fim, os Patriots passaram pela primeira vez no encontro para a frente do marcador (32-33). A emoção cresceu a 2 minutos e 21 segundos do final com mais 6 pontos para os Eagles (38-33), que recuperaram a liderança no marcador, numa jogada (e pontuação) confirmada e explicada pelo vídeo-árbitro.

41-33, o resultado final que serviu para quebrar um recorde de jardas conquistadas.