António Ramos da Silva, um dos lesados, disse à Lusa que o grupo de lesados se manifesta a partir das 10:00 nas imediações do balcão do Novo Banco e do Banco de Portugal, na Avenida dos Aliados.

“Como sabemos, o Novo Banco usou as provisões - no montante total de 1.837 milhões de euros destinadas a garantir os clientes de retalho que tinham sobrescrito produtos nos balcões do BES - para outros fins, não temos culpa dessa maldade para com os clientes de retalho não institucionais”, disse.

António Ramos da Silva afirmou que este grupo de lesados está a ser “vítima de confisco e expropriação sem fundamento ético e jurídico”.

Sentem-se “vigarizados, enganados e burlados” não podendo “aceitar o branquear das responsabilidades que foram assumidas”, por ser “o trabalho de uma vida de famílias que está em causa”, acrescentou.

“Somos vítimas do desvio da provisão que foi constituída para cumprirem com os deveres assumidos pelo BES perante os clientes de retalho, não institucionais, e não para o Novo Banco ou Banco de Portugal se apoderarem dela para outros fins, o que em nome da verdade e da justiça se prova”, lamentam, num comunicado assinado por mais de uma centena de lesados.

Apelam “ao bom senso de todas as entidades e do Governo para a justeza” da sua “razão”, afirmando estar em causa a imagem das instituições portuguesas e do país no mundo, “bem como os valores básicos do sistema económico, da boa-fé, da palavra, da honra, da justiça e até da Constituição”.

“Devemos lembrar que o Estado cobrou 28% sobre os juros das poupanças, durante anos e anos, tem o dever defender os cidadãos que muitos sacrifícios e privações tiveram durante uma vida para terem uma poupança que nos foi confiscada, e que até ao momento o Novo Banco está a utilizar impunemente e contra a nossa vontade para outros fins”, dizem.

O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), sem licença bancária.