“Hoje temos a COTEC Europa em Mafra e o tema é sobre o trabalho 4.0 ou as implicações no mundo do trabalho, no mundo da organização das empresas e das sociedades que a quarta revolução industrial, a indústria 4.0, está a provocar e vai intensificar”, afirmou Francisco de Lacerda, presidente da direção da COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação.

Para o responsável, o trabalho 4.0 “vai provocar alterações bastante profundas” e como sempre “nestes movimentos profundos algumas profissões ou tarefas vão deixar de ser feitas por pessoas”, mas “outras novas aparecerão”.

Francisco de Lacerda defendeu que este tema “deve ser uma preocupação para todos”, recordando que a COTEC é “uma associação de empresas que trabalha de forma muito estreita com os decisores políticos e com as universidades”.

Ou seja, congrega “esta reflexão e esta capacidade de mobilização para apoiar que a transição seja feita da forma o mais suave possível”, permitindo que, “por um lado, se diminua os receios naturais daqueles que sentem que podem estar mais ameaçados, e por outro lado permita que todos vejam qual é o seu caminho, e é claro cada um terá de encontrar as suas oportunidades, mas num quadro que possa ser tão calmo e integrador quanto possível”.

A COTEC Europa reúne-se uma vez por ano rotativamente nos três países COTEC: Portugal, Espanha e Itália.

Este ano reúne-se em Portugal, mais concretamente no convento de Mafra, “por se considerar um local adequado e que também simboliza épocas passadas em que os nossos países tiveram a preponderância e um peso importante no desenvolvimento do mundo e até na inovação, em termos que são muito caros à COTEC”, referiu.

“Portanto, hoje reúnem-se três chefes de Estado aqui e reúne-se um conjunto de empresários e gestores de Portugal, Itália e Espanha, em conjunto com outras personalidades para exatamente pensarmos estes temas e uma das características que temos sempre visto nestes encontros COTEC Europa é que a presença dos chefes de Estado leva a que os temas que estão na agenda sejam temas que passam a ser tratados de uma forma séria e de uma forma consequente e é isso que esperamos também que resulte deste encontro”, considerou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, e o rei espanhol, Felipe VI, marcam presença neste evento.

Questionado sobre se as máquinas um dia irão substituir os homens no trabalho, Francisco de Lacerda afirmou que isso “é uma realidade” com a qual se vive “há dois séculos”.

“Quando ouvimos alguns dos debates e das posições hoje faz-nos lembrar aquilo que aprendemos nos livros de história económica, de outras épocas diferentes, e o que podemos dizer é que sempre o que aconteceu foi que a qualidade de vida melhorou, que os rendimentos das pessoas melhoraram e que as sociedades deram passos no sentido do progresso”, afirmou o presidente da direção da COTEC Portugal, que também é presidente executivo dos CTT.

“As transições ao princípio provocam receio, muitas vezes provocam situações mais difíceis, mas o resultante é positivo e o que é preciso é minimizar os receios, ajudar que as transições sejam tão pouco difíceis quanto possível para que pelo caminho ninguém fique perdido e como todos sabemos a dimensão de um país, de uma nação, de uma sociedade é muito determinada pela dimensão da sua população, e neste caso a sua população ativa”, acrescentou.

“Toda a população ativa deve ser integrada neste movimento para permitir que Portugal, Espanha e Itália, os três países COTEC, possam caminhar nesta direção com força, seguros do seu futuro”, concluiu.

Sobre se será apresentado algum estudo, o responsável disse que estes encontros são “muitas vezes” uma “boa razão para se analisar mais a fundo algum aspeto”.

Neste caso, sob a coordenação da COTEC Portugal, mas em conjunto com as outras duas COTEC, foi realizado um trabalho para “de uma forma muito alargada ouvir uma série de pessoas de diferentes profissões, diferentes presenças na economia e na sociedade, e ver quais são os seus receios, quais são as questões que levantam e quais são as soluções que apontam”, disse.

“É à volta disso também que se falará hoje”, rematou.

A União Europeia vai estar representada através do comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação, o português Carlos Moedas.

A primeira COTEC foi fundada em Espanha, em 1990, por iniciativa do então rei Juan Carlos, e nove anos depois, em 2001, surgiu a sua congénere italiana.

A COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação foi constituída em abril de 2003, na sequência de uma iniciativa do então Presidente da República Jorge Sampaio.

A COTEC Europa foi fundada em 2003, com a adesão da COTEC Portugal ao grupo já formado por Espanha e Itália.

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