"Há referências a questões de fundo que continuam a pesar sobre a nossa economia e sobre Portugal, nomeadamente questões da dívida pública, que continua muito elevada, quer em termos percentuais quer em termos absolutos. Nunca atingiu níveis como agora", disse Assunção Cristas aos jornalistas, durante uma ação de pré-campanha às autárquicas, em que é cabeça de lista a Lisboa.

A líder centrista reagia ao relatório do FMI que recomenda para 2018 "um ajustamento estrutural primário de 0,5% do PIB [cerca de 950 milhões de euros], em linha com os compromissos de Portugal no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento", propondo a "contenção da fatura com os salários da função pública", melhorar a "eficiência da despesa social" e revisitar as recentes reformas nas pensões. "

Assunção Cristas considerou que "a conjuntura de crescimento económico, com uma conjuntura mundial e europeia muito positiva, em que há um crescimento generalizado, tem de ser também o momento para resolver questões de fundo", como a dívida.

"Esse alerta é um alerta muito importante que o CDS tem feito inúmeras vezes e continuaremos a chamar a atenção para isso", afirmou.

O FMI argumentou igualmente no seu relatório que "as condições favoráveis do ciclo económico providenciam uma oportunidade auspiciosa para uma consolidação estrutural".

O relatório do FMI foi realizado ao abrigo do artigo IV daquela instituição, que prevê consultas anuais aos países-membros e avaliações do desempenho macroeconómico, tendo por base uma missão que se realizou 19 a 29 de junho do ano passado.

O Governo defendeu, por seu turno, que a avaliação do FMI "representa uma evolução positiva da análise" ao desempenho da economia portuguesa e reconhece o "sucesso da mudança estrutural" implementada.

"O FMI salienta os avanços registados por Portugal ao longo do último ano. Esta avaliação representa uma evolução positiva da análise do Fundo, visível no expressivo crescimento económico previsto para 2017: 2,5%, uma revisão em alta, partindo dos 1,3% previstos no último relatório de fevereiro. Para 2018 a previsão foi agora revista para 2%, sendo anteriormente de 1,2%", lê-se numa nota do executivo de António Costa.

O Governo destacou que aquela instituição internacional "reconhece a composição diversificada deste crescimento, assente no investimento privado e nas exportações, resultado da melhoria das condições de crédito e do aumento da competitividade dos bens e serviços portugueses".