O requerimento oral apresentado pelo coordenador do PSD na comissão, Hugo Soares, motivou os votos contra de PS, BE e PCP, sendo ao invés aprovado um outro texto, do BE, que prolonga até quarta-feira o prazo para serem entregues propostas de alteração ao relatório final dos trabalhos.

Antes da reunião, Hugo Soares havia já falado aos jornalistas e referiu-se às notícias de segunda-feira que dão conta que o Ministério Público suspeita de crime de gestão danosa na CGD por haver créditos por pagar que não foram registados como imparidades, o que pode ser um ato deliberado, segundo uma decisão do Tribunal da Relação de Lisboa enviada à comissão parlamentar de inquérito sobre a recapitalização do banco público.

Ora, essa nota da Relação, advogou a esquerda, deve integrar as conclusões e o relatório final - a cargo do socialista Carlos Pereira, hoje ausente da reunião por se encontrar na Madeira, de onde é proveniente - mas não deve haver suspensão dos trabalhos.

O argumento de poder haver uma nova comissão de inquérito quando mais documentação e decisões judiciais chegarem "é mesmo verbo de encher", acusou Hugo Soares.

E concretizou: "É atirar areia para os olhos e empurrar com a barriga para a frente".

António Carlos Monteiro, do CDS-PP, não fugiu do tom, e criticou PS, BE e PCP: "Há partidos nesta comissão de inquérito que pretendem branquear tudo isto. E isso é grave".

O PS, advogou o coordenador na comissão, João Paulo Correia, está nos trabalhos querendo "descobrir a verdade" sobre a CGD, daí aprovar o alargamento do prazo para entrega de propostas de alteração ao relatório.

"O relatório deve, nos factos e conclusões, reproduzir o acórdão do Tribunal da Relação", realçou.

Aos jornalistas, e também na comissão, Hugo Soares salientou que também hoje foi conhecido um alerta do Supremo Tribunal de Justiça, segundo o qual se a comissão de inquérito encerrar "não haverá lugar a qualquer decisão última e final sobre a entrega de documentos".

"Isto significa que o parlamento não pode brincar com o seu mandato e com os portugueses", afirmou, referindo que o objeto desta comissão é perceber as razões da necessidade do montante de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos.

Na segunda-feira, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças defendeu que eventuais imparidades não declaradas na CGD no "passado" devem ser apuradas e investigadas, "se houver de facto ocultação de informação".

Na semana passada, foi apresentado o relatório preliminar da comissão de inquérito que afasta a existência de "pressões" da tutela, o acionista Estado, na concessão de crédito, mas admite "erros de avaliação" sobre "determinados créditos".

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