“Vamos fazer mais uma campanha de juvenis agora no mês de dezembro e os dados dela serão obviamente divulgados. Estamos entre a fé e a ciência, o nosso desejo é que os valores que vamos encontrar sejam mais otimistas e mais positivos, mas temos de ser rigorosos e objetivos, não podemos medir o que não está e não podemos avaliar o que não é avaliável”, disse Miguel Miranda em entrevista à Lusa.

De acordo com o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os dados obtidos nesta campanha serão ainda tidos em conta na definição das quotas de pesca para 2018.

“Neste momento tudo tem influência. Estamos a falar de um nível bastante baixo de biomassa e portanto quaisquer sinais positivos vão ser altamente agradáveis, quaisquer sinais negativos vão ser altamente preocupantes. Todas as instituições que têm a responsabilidade de tomar essas decisões vão usar toda a informação disponível para as tomar de forma mais racional possível”, explicou.

Segundo Miguel Miranda não há excesso de captura de sardinha, sendo que os valores capturados são pequenos comparados com a dimensão dos stocks.

“Os stocks determinados para as capturas pelos governos de Portugal e de Espanha têm sido muitíssimo moderados e é por isso que se tem verificado uma pequena recuperação da biomassa“, acrescentou.

“O impacto social e económico deste tipo de pesca é enorme. Temos setores inteiros de atividade que dependem criticamente desta pesca. E o equilíbrio que é preciso encontrar entre a proteção dos stocks dos pelágicos e a necessidade de alguma pesca que permita a manutenção das famílias que dela dependem é um equilíbrio muito complicado. Não nos compete a nós, cabe às organizações de governação do mar, do governo” definir.

“Nós damos o nosso melhor para apoiar a decisão”, adiantou.

No final de outubro, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) divulgou um parecer em que recomenda que a pesca da sardinha deve ser proibida em 2018 em Portugal e Espanha face à redução acentuada do 'stock' na última década, que passou das 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016.