Esta é uma das medidas do Plano Municipal da Juventude que será analisado segunda-feira em reunião de Câmara, tratando-se de um documento, indicou à agência Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues que "olha a juventude no plural, fazendo o reconhecimento de que este não é um grupo social homogéneo".

"É diferente ser jovem a estudar no Ensino Superior ou ser jovem que no final da escolaridade obrigatória vai trabalhar. É diferente ser jovem desempregado de longa duração ou ser jovem com trabalho estabilizado. Procuramos identificar as áreas de intervenção, fugindo à tradição de fazer planos de juventude que são planos de eventos episódicos", descreveu o autarca.

Este plano inclui uma dimensão dedicada à empregabilidade, com a autarquia a assumir o cofinanciamento de bolsas de estágios profissionais, entre outros aspetos, e reforça a medida de apoio à habitação, um programa que já existe no concelho, mas dando enfoque aos jovens.

Vítor Rodrigues lembrou que "mesmo os jovens mais qualificados têm na maioria das vezes e na fase inicial da vida laboral vínculos precários", situação que "muitas vezes os impede de sair de casa dos pais".

O programa municipal de apoio ligado ao mercado de arrendamento vai abranger jovens até aos 30 anos que serão apoiados independente dos recursos, uma vez que não estão em causa exclusivamente a situações de carência, mas sim as classes médias, os jovens que procuram a sua autonomia.

"Esta foi a primeira medida que países como a Dinamarca assumiram no combate à baixa natalidade. Apoiar a emancipação dos jovens que não conseguiam apoio no mercado de arrendamento ou de compra de habitação", apontou Eduardo Vítor Rodrigues.

As percentagens de comparticipação vão dos 30 aos 50% e há majoração conforme a escolha da localização, saindo beneficiados os jovens que optem por arrendar fora do centro, ou seja nas freguesias do interior.

Na segunda-feira também será discutido o Plano Municipal para a Igualdade de Género, Cidadania e não Discriminação, um documento que Eduardo Vítor Rodrigues explicou ser principalmente vocacionado à garantia de igualdade dentro do próprio Município e das empresas municipais.

Uma das medidas estudadas é a criação de uma creche municipal para os filhos dos funcionários, uma sala que inicialmente poderá abranger cerca de três dezenas de crianças.

"Esta é uma área que impede as mulheres de voltar ao mercado de trabalho com a velocidade que gostariam. E este plano também tem uma vocação inspiradora pois vai ser divulgado o mais possível nas empresas, instituições e próprias famílias, em jeito de sensibilização. A igualdade de género é um tema que parece óbvio para toda a gente mas a realidade é que ainda está longe de ser consumado", referiu o autarca.

A ordem de trabalhos da próxima reunião também contém a discussão do Plano de Desenvolvimento Social, cujas principais apostas são o apoio a idosos em contexto domiciliário e os cuidados paliativos e continuados.

"Temos idosos que vivem em casas dignas e com condições de mobilidade mas não têm, ou porque os filhos estão longe ou por dificuldades financeiras, retaguarda familiar suficientemente forte. Já os cuidados paliativos e continuados são uma lacuna do concelho já que nem o hospital, nem privados nem as IPSS asseguram na totalidade esta área", descreveu o presidente da Câmara de Gaia, distrito do Porto.

A perspetiva nacional é de que até ao final do ano abram os regulamentos para candidaturas a fundos comunitários nestas áreas, sendo intenção da autarquia de Gaia "apostar com força", tendo Vítor Rodrigues frisado, a propósito, o compromisso assumido com as IPSS de ser a Câmara a assumir a percentagem de comparticipação local/nacional.