O país foi o primeiro membro da organização que junta a maioria das antigas colónias britânicas a aderir à Commonwealth, em 1995, decisão que refletiu uma opção política, disse aquele responsável, em entrevista à agência Lusa em Londres, onde encerra hoje a cimeira de chefes de Estado e Governo da Commonwealth.

Na sua opinião, Moçambique "refletiu a contribuição feita pela Commonwealth para isolar o regime do apartheid e retribuiu com o desejo de juntar-se à Commonwealth, não diminuindo o seu compromisso com a Lusofonia. É apenas abrir outra frente. É um outro trunfo à sua disposição".

Krishnarayan recordou que os vizinhos de Moçambique são membros da Commonwealth e que existe um interesse a nível regional para além das relações com o Reino Unido, com quem não tem as mesmas ligações históricas que, por exemplo, África do Sul, Zâmbia, Maláui ou Tanzânia.

Mais do que um benefício financeiro, pois o orçamento da Commonwealth é reduzido, este responsável acredita que a adesão é uma decisão racional no sentido de acesso a novos mercados no mundo anglófono, referindo outro caso, o do Ruanda, que também não tem um passado colonial ligado ao império britânico.

"Não acho que seja por causa do desejo de ter uma foto tirada com a rainha a cada dois anos, é porque as pessoas veem valor nas oportunidades para um diálogo sul-sul", vincou Vijay Krishnarayan.

O diretor-geral da Fundação Commonwealth, a agência criada pela Commonwealth para a sociedade civil, assume como missão promover o diálogo entre os 53 países-membros, entre os quais está Moçambique.

Consciente da diversidade de línguas para além do inglês, um dos projetos onde há abertura à língua portuguesa é o concurso anual de contos, que encoraja a produção de histórias sobre o contexto social, político ou cultural do autor.

"Temos mais de 5.000 candidaturas e estamos a começar a receber essas inscrições na língua original. Portanto, não é obrigatório que essas histórias sejam escritas em inglês. Podem ser escritas noutro idioma e nós pagaremos pela tradução", garantiu.

Admitindo que o modelo possa ser considerado "um pouco arrogante" porque não há preocupação com o fim da língua inglesa, o responsável referiu, no entanto, que há a consciência de que não se pode continuar a impor a cultura britânica.

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