A posição foi assumida hoje pelo diretor da Unidade de Gestão da Dívida, Osvaldo João, após a apresentação, em Luanda, do plano de endividamento para 2017, que prevê necessidades brutas de financiamento no mercado na ordem dos 4,667 biliões de kwanzas (26,4 mil milhões de euros), sendo 75% deste total para angariar no mercado interno.

"Neste Plano Anual de Endividamento não prevemos a emissão de novos 'eurobonds'", disse o responsável, questionado pelos jornalistas.

O Estado angolano estreou-se na emissão de 'eurobonds' em novembro de 2015, angariando então, no mercado externo, cerca de 1,5 mil milhões de dólares (1,39 mil milhões de euros), através de um consórcio de bancos liderado pelo norte-americano Goldman Sachs International e que incluiu ainda o alemão Deutsche Bank e os chineses da ICBC International.

"Nada obsta que ao longo do ano, caso as condições financeiras internacionais e principalmente ao nível do preço do petróleo, melhorem, o executivo mude de estratégia. Mas, em princípio, não há nenhuma indicação para a emissão de novos 'eurobonds'", afirmou Osvaldo João.

Os juros da primeira emissão angolana de 'eurobonds' foram confirmados em 9,5 por cento, a liquidar aos dias 12 de maio e 12 de novembro de cada ano, a partir de 2016.

Um documento governamental a que a Lusa teve anteriormente acesso refere que a receita líquida com esta emissão foi estimada em 1,49 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros).

Além de cobrir as necessidades de financiamento do Estado, colmatando a quebra nas receitas fiscais decorrentes da exportação de petróleo, esta operação permitiu igualmente o acesso a divisas, que o país necessita nomeadamente para garantir as importações de alimentos e matéria-prima.

"Esta emissão inaugural é um passo extremamente importante para o nosso país e nós vemos isso como o início de um relacionamento de longo prazo com os mercados de capitais internacionais", referiu em 2015 o então ministro das Finanças, Armando Manuel, entretanto substituído no cargo por Archer Mangueira.

A operação foi distribuída, entre outros, por investidores norte-americanos e europeus, como gestores de fundos, bancos ou fundos de pensão.

O interesse dos investidores na primeira emissão do género feita por Angola ultrapassou cinco vezes o montante que o país pretendia colocar.

Angola fixou um prazo de dez anos de maturidade - pagamento do montante financiado - para "criar uma forte referência que combinou com a sua preferência por duração, consistente com o uso das receitas para fins de infraestrutura".

Angola enfrenta uma forte crise económica e financeira, decorrente da quebra das receitas com a exportação de petróleo face à baixa da cotação do barril de crude no mercado internacional.

PVJ // VM

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