"Gostaríamos de alertar o Governo e os comerciantes que uma escalada de aumento de preços, sobretudo dos produtos básicos, vai saturar as populações, o que pode degenerar em convulsões sociais de consequências imensuráveis", afirmou o secretário-geral da OTM-CS, Alexandre Munguambe.

Falando num seminário sobre mecanismos de recuperação da dívida à Segurança Social, Munguambe defendeu que, face ao agravamento das condições de vida dos trabalhadores moçambicanos, o executivo deve rever os critérios de fixação do salário mínimo nacional.

"A OTM não pode deixar de manifestar publicamente a sua profunda preocupação com o elevado custo de vida que a maioria dos moçambicanos está a enfrentar", afirmou.

Alexandre Munguambe disse ainda que os trabalhadores moçambicanos estão saturados com a instabilidade militar que assola o país, numa alusão aos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição.

Na semana passada, o Banco de Moçambique (BM) reviu a previsão de crescimento económico para 3,5% e a inflação para pelo menos 29% em 2016 e alertou para o "nível crítico" das reservas líquidas, que cobrem apenas três meses de importações.

A inflação, segundo Zandamela, situou-se em setembro nos 25%, mas não teve em conta ainda o efeito da subida do preço dos combustíveis, e terá uma "tendência crescente" num intervalo que se deverá situar entre os 29% e os 34% até ao fim do ano.

Na quarta-feira, o Governo de Moçambique assumiu oficialmente a incapacidade financeira para pagar as próximas prestações das dívidas das empresas públicas com empréstimos ocultos, defendendo uma reestruturação dos pagamentos e uma nova ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O perfil da dívida pública e garantida pelo Estado de Moçambique não é sustentável", assume o Ministério das Finanças numa apresentação feita aos investidores, e a que a Lusa teve acesso.

Ao longo de 20 páginas, as Finanças evidenciam a incapacidade de pagamento das dívidas das empresas que realizaram empréstimos escondidos, assumem que a dívida pública vai chegar a 130% do PIB este ano, e aproveitam para rever em baixa a previsão de crescimento económico para 3,7%, afirmando também sem rodeios que as métricas da dívida são insustentáveis.

PMA (HB/MBA)

Fim/Lusa