Segundo as conclusões de um estudo apresentadas hoje pela Proprime, empresa de Direito angolano, que se dedica à avaliação do setor imobiliário no país, a "absorção de escritórios em Luanda é cada vez mais lenta, em resultado da menor atividade económica e de um abrandamento nos planos de investimento das empresas estrangeiras".

Em Luanda, esta conjuntura levou a uma descida de 20% entre 2015 e 2016 nas rendas médias para aluguer de escritórios, passando para os 80 dólares norte-americanos (75 euros) por cada metro quadrado (m2).

Também os preços médios de venda dos escritórios caíram, recuando 10%, para os 6.400 dólares (6.013 euros) por m2, indica o relatório "Flash - Mercado Imobiliário Angola 2016".

A "conjuntura económica adversa", marcada pela queda do preço do petróleo, a instabilidade cambial e forte desvalorização do kwanza, "impactou fortemente o mercado imobiliário", que, em 2016, "assistiu de forma mais evidente a uma redução da atividade".

"A procura de imóveis voltou a decrescer, sobretudo afetada pela menor atividade de empresas multinacionais no país, com novas quedas sentidas quer no volume de transações quer nos preços e rendas", reconhece a Proprime, nas conclusões do mesmo estudo.

Na habitação, a quebra da atividade económica, e em concreto das multinacionais, "volta a ser evidente", com a consultora a recordar que uma das principais franjas de procura de habitação em Luanda era a dos expatriados, quadros destas empresas e muitos dos quais regressaram entretanto aos países de origem, "com as tipologias de menor dimensão a serem as mais procuradas".

"Já no atual quadro de procura residencial, os nacionais ganham expressão e as tipologias maiores são as preferidas", lê-se nas conclusões.

Assim, o preço médio de venda dos apartamentos no bairro da Ingombota, zona central de Luanda, desceram 10% em 2016, para os 5.670 dólares (5.327 euros) por m2, e também as moradias em Talatona, nos arredores da capital, "têm vindo a corrigir em baixa", com uma descida de 9,5% nos preços, para os 4.093 dólares (3.846 euros) por m2.

Tendo em conta este novo ritmo e o "novo paradigma", em que a procura doméstica ganha força, aquela consultora refere que a oferta de escritórios e habitação em Luanda tem procurado mecanismos que "permitam escoar quer os produtos já existentes quer os que estão em construção".

No caso das habitações, os novos empreendimentos estão já a apostar na oferta de apartamentos com tipologias maiores e áreas mais generosas, face à "maior apetência" do público nacional angolano por este tipo de produto.

"O mercado doméstico tem ganho crescente relevância na absorção dos produtos imobiliários, que, neste contexto e face à instabilidade cambial, são encarados como um ativo de refúgio para muitos pequenos aforradores particulares e também para muitas empresas, que procuram adquirir os espaços que ocupam em vez de os arrendarem", assume Valdire Coelho, diretor-executivo da Proprime.

Este estudo focou-se ainda no mercado hoteleiro, que também se ressente do "impacto da crise económica" no seu desempenho, em que o grosso do turismo "continua a ser motivado pelo segmento de negócios".

"O número de turistas estrangeiros tem apresentado uma tendência de queda acentuada nos últimos anos, com os reflexos óbvios nas taxas de ocupação da hotelaria em Luanda", refere a consultora.

Em 2016, a hotelaria na capital registou taxas médias de ocupação em torno dos 40%, quando nos últimos anos ascendiam a entre 80 a 85%, enquanto o valor das diárias médias registou igualmente descidas de até 25% em todas as categorias, mas com a hotelaria de cinco estrelas a apresentar diárias médias de 380 USD (357 euros) por noite.

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