Benjamim Castelo referiu que, devido à crise provocada pela quebra da cotação do petróleo e pelas alterações climáticas, a produção anual de cereais este ano se cifre em apenas 1,8 milhões de toneladas, admitindo que o défice de cereais em Angola está a "agravar-se", com a falta de meios de produção e a dificuldade de importações de material de apoio ou mesmo fertilizantes.

"Há uma desmotivação ao nível do setor privado. Têm vontade para trabalhar, mas estão com as mãos atadas. Não têm insumos (meios de produção). Nos armazéns quase não encontramos adubo", reconheceu Benjamim Castelo, em entrevista à rádio pública angolana.

Como exemplo, aponta os preços dos fertilizantes para o solo, que há um ano custavam 4.800 kwanzas (25 euros), por cada saco de 50 quilogramas. Hoje, o mesmo saco, custa 24.000 kwanzas (125 euros).

"A esse preço não se consegue produzir. E mesmo a produzir, não há mercado competitivo e seria melhor importar", refuta Benjamim Castelo.

Numa produção em que o milho é o "rei", seguindo-se o massango (milho-miúdo), massambala (sorgo) e o arroz, e em que começa a surgir também o trigo - Angola tem de importar anualmente mais de 700 mil toneladas deste cereal para produzir pão -, o diretor-geral do INCER admite que as estimativas de 2,5 milhões de toneladas de cereais para 2016 vão ficar cerca de 30 por cento abaixo.

Quanto às necessidades globais de quatro milhões de toneladas anuais, o responsável admite que só dentro de cinco anos será possível atingir e ultrapassar esses níveis. Contudo, para tal, será necessário captar "capital estrangeiro para investir no país", por exemplo na produção nacional de fertilizantes ou máquinas agrícolas, para reduzir as importações.

A comparticipação do Estado na aquisição de combustível para utilização agrícola é outra das medidas defendidas por Benjamim Castelo.

Angola vive desde meados de 2014 uma forte crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo.

O FMI anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, em maio.

O ministro das Finanças, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

Em Angola, depois do milho o arroz é o segundo cereal mais consumido, mas a sua produção interna, apesar dos esforços para o seu incremento, ainda não satisfaz as necessidades, obrigando a reforçar a sua importação.

PVJ // JMR

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