Segundo dados compilados hoje pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, enquanto operador do Estado, o banco central colocou no mercado primário, entre 18 e 22 de julho, 13,4 mil milhões de kwanzas (73,6 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e 15,1 mil milhões de kwanzas (83 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).

As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 14,16% na maturidade a 91 dias e os 18,39% no prazo a 364 dias (18,37% na semana anterior), enquanto as OT fecharam, uma vez mais, com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.

No segmento de venda direta de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA mais 11,6 mil milhões de kwanzas (63,7 milhões de euros).

A dívida pública colocada semanalmente por Angola desceu assim 17,7%, tendo em conta os montantes colocados na semana anterior, que rondaram os 34,4 mil milhões de kwanzas (189 milhões de euros).

O Governo angolano prevê, no Orçamento Geral do Estado de 2016, necessidades de financiamento interno e externo de 2,912 biliões de kwanzas (16 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual).

Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos.

Num contexto de agravamento das quebras nas receitas com a exportação de petróleo no primeiro semestre de 2016, o Ministério das Finanças confirmou na sexta-feira à agência Lusa que está a trabalhar numa revisão do OGE deste ano.

Já este mês, o Governo avançou com uma revisão em baixa de indicadores macroeconómicos, nomeadamente a redução da previsão do crescimento da economia, de 3,3 para 1,3% e do défice das contas públicas, que passa de 5,5 para 6% em 2016.

Um documento de suporte à estratégia do Governo angolano para ultrapassar a crise financeira provocada pela quebra nas receitas do petróleo, ao qual a Lusa teve acesso, indica que o 'stock' de dívida pública atingiu em 2015 os 42,9 mil milhões de dólares (39 mil milhões de euros), correspondendo a 48,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (16,3 mil milhões de euros).

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