A agência espera agora um crescimento de -3,3% para este ano, 0,7% para o próximo e 2% para 2018, mais do que os valores previstos no relatório de maio, -3,8%, 0,5% e 1,7%, respetivamente.

A alteração é justificada com uma "contração mais branda do que a antecipada de 0,3% no primeiro trimestre deste ano, segundo os autores do documento, que destacam também melhorias nos indicadores de confiança desde que o governo interino liderado por Michel Temer tomou posse a 12 de maio.

A contração esperada para este ano, segundo a Fitch, ainda reflete "o colapso da procura interna, que está a ser parcialmente compensado por um contributo positivo das exportações líquidas".

Para o próximo ano, a recuperação ainda deverá ser moderada, visto que "o consumidor continuará a enfrentar fracos rendimentos do trabalho e crescimento do crédito moderado", lê-se no documento.

"Os progressos no investimento vão depender, em grande medida, da extensão da recuperação da confiança empresarial, que será influenciada pelos progressos que o governo interino será capaz de fazer em aprovar medidas para melhorar as perspetivas para as finanças públicas e para a redução da inflação", segundo a Fitch.

A inflação começou a aliviar, atingindo 8,8% em junho, após um pico de 10,7% em janeiro.

A agência norte-americana destacou que o executivo de Michel Temer, "favorável ao mercado", inspirou a confiança do mundo empresarial, mas advertiu que a não aprovação de medidas de consolidação pelo Congresso brasileiro poderá "minar a confiança novamente".

A agência de 'rating' espera ainda que o Banco Central mantenha a taxa de juros em 14,25% este ano e decida reduzi-la em 2017.

"No entanto, perspetivas de cortes da taxa de juros poderiam surgir na última parte de 2016, se a inflação e as expectativas de inflação continuarem a cair e a incerteza fiscal for reduzida através da aprovação de medidas", de acordo com o relatório.

No documento "Cenário Económico Global" de julho, a Fitch avaliou também que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia "enviou ondas de choque ao mercado financeiro global, mas é pouco provável que suscite uma recessão global".

A agência mencionou igualmente que a estabilização dos preços globais de 'commodities' está a aliviar a pressão sobre os produtores de 'commodities' e que a expectativa de crescimento da China foi revista em alta.

ANYN // JPS

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