"Todos estão claros de que a situação de não pagarmos não é a melhor solução para eles [credores], nem para todos", disse Adriano Maleiane, em declarações à Lusa.

Analistas da Economist Intelligence Unit (EIU) defenderam na quinta-feira que o Governo de Moçambique está a prolongar as negociações com os credores de propósito e que conversações demoradas também beneficiam os bancos envolvidos nos empréstimos às empresas públicas.

De acordo com Maleiane, não é assim.

A demora num entendimento entre Moçambique e os credores vai continuar a degradar a confiança dos mercados e dos investidores no país, notou, e a deteriorar as condições de pagamento das suas obrigações.

"O que é importante é que nós temos de ter uma solução, porque, se não tivermos uma solução, este assunto vai estar sempre na imprensa, este crédito vai contribuir negativamente para o 'rating' de Moçambique", acrescentou Adriano Maleiane.

O ministro da Economia e Finanças negou que tenha sido um fracasso a falta de um acordo esta semana com os credores moçambicanos em Londres, sublinhando que a pretensão do Governo era apenas apresentar propostas de resolução do diferendo, aguardando contrapropostas.

"Não era uma missão para ir pedir dinheiro, para ter sucesso ou não, era uma reunião com os credores para ver se podem atenuar as condições para permitir que o pagamento das dívidas seja regularizado", frisou Adriano Maleiane.

O ministro da Economia e Finanças adiantou que os consultores internacionais do Governo moçambicano na questão das dívidas aguardam a resposta dos credores às três propostas, devendo receber a primeira em abril.

Adriano Maleiane considerou normal a recusa dos credores em aceitarem as três propostas que o executivo moçambicano apresentou, frisando que era a primeira vez a terem contacto com os termos da oferta.

As negociações entre os credores da dívida pública de Moçambique e o Governo vão continuar daqui a quatro semanas, em Washington, nos Encontros da Primavera do FMI, disse à Lusa um dos representantes de credores, Thomas Laryea.

O Governo de Moçambique propôs na terça-feira aos credores e investidores na dívida pública um 'haircut' [perdão de dívida] de 50% nos juros passados e nas penalizações, caso existam", e alterações às taxas de juro e à maturidade da emissão de dívida.

PMA (MBA/LFO) // EL

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