Localizado a cerca de 50 quilómetros de Luanda, o projeto foi lançado em 2012, pelo Estado angolano, que avançou com a infraestruturação dos 5.000 hectares de cultivo, onde hoje já trabalham 600 pessoas na produção de cerca de 30.000 toneladas anual de todo o tipo de legumes e frutas.

Como explicou à Lusa o diretor-geral do Projecto de Desenvolvimento Integrado da Quiminha, o israelita Regev Harosh, o objetivo é exportar ainda este ano, por via aérea, as primeiras quantidades de batata-doce e banana produzidas localmente.

Em 48 horas estarão à venda em lojas na Europa, de Portugal à Bélgica: "Planificamos arrancar com a exportação no mês de outubro. A qualidade e quantidade dos produtos [batata-doce e banana] daqui é muito alta e há uma forte procura do mercado europeu, durante o ano todo".

De pepino a tomates, passando pelas batatas, beringelas, cebolas, grãos e até 25 milhões de ovos anuais, recorrendo a 90.000 galinhas, a Quiminha é um projeto que em 2018 atinge a velocidade de cruzeiro.

"Até outubro vamos ter 100% da capacidade de produção do projeto. Vamos atingir este ano as 40.000 toneladas", avançou Regev Harosh, recordando que as técnicas ali utilizadas permitem a produção agrícola todo o ano, inclusive fora da época das chuvas.

Até outubro, a produção da Quiminha, que já abastece Luanda e as principais cadeias de distribuição do país, deverá chegar a cerca de 60.000 toneladas de legumes e frutas, mas a meta final são 100.000 toneladas, na campanha agrícola que vai terminar em 2019.

Os postos de trabalho diretos deverão subir para 2.000 ainda este ano, aos quais acrescem as 300 famílias que antes ocupavam os terrenos daquele perímetro - retiradas durante a infraestruturação - e que já começaram a ser reassentadas na Quiminha.

Além de casa, cada família tem direito a um hectare de campo aberto irrigado, para produção, e uma estufa de 500 metros quadrados, mas também água, eletricidade e apoio técnico, sem custos, nos primeiros dois anos.

O angolano Pedro Silveira é o diretor de produção para as fazendas familiares da Quiminha e explicou que já foram reassentadas as primeiras 13 famílias abrangidas pela componente socioeconómica do projeto.

"É uma produção de alto nível. A ideia aqui é que cada família seja vista como uma prquena empresa e as mesas devem ser lucrativas", apontou Pedro Silveira.

Com escola, posto médico e até supermercado no interior do polo agrícola, só as pequenas fazendas familiares deverão movimentar 2.000 pessoas.

"Essa parte é muito importante, no sentido social, mas também no sentido da produção. Porque é uma área muito grande", explicou, por seu turno, o israelita Regev Harosh.

O Estado angolano já investiu, desde 2014, mais de 146 milhões de euros na infraestruturação do Pólo Agrícola da Quiminha e entregou a concessão da operação e gestão do projeto, por sete anos contados a partir de 2016, à empresa Agroquiminha, que resultou de um investimento de um grupo israelita, que entra como parceiro tecnológico.

Além do ?know how' que está a aplicar, o grupo privado garante a gestão e entrega os dividendos ao Estado angolano, tendo já investido 10 milhões de dólares (oito milhões de euros) numa fábrica de ração e num centro logístico, prevendo ainda construir um segundo aviário.

Até final deste ano avança ainda a segunda fase do projeto, com a entrega das primeiras 42 de 64 fazendas privadas, cada uma com 50 hectares, incluídas no perímetro da Quiminha, como explicou à Lusa Carlos Paim, presidente do conselho de administração da Gesterra, empresa pública responsável pela gestão de terras aráveis em Angola.

"A grande estratégia do Estado neste caso é a parceria público-privada. O Estado fez o investimento inicial, em tudo o que é infraestruturas, mas todos os recursos operacionais são feitos com uma parceria público-privada, fez-se um contrato de gestão do projeto com um parceiro privado, que foi à banca, financiou-se e é responsável pela gestão de todo o processo", sublinhou.

Estas fazendas privadas dentro da Quiminha, que deverão estar em produção até meados de 2019, serão entregues a investidores privados nacionais ou estrangeiros, mas também a jovens empreendedores recém-formados, para, segundo Carlos Paim, permitir a sua fixação local.

Considerado o maior projeto agrícola, integrado, em Angola, o Pólo Agrícola da Quiminha é alimentado desde logo pelo maior centro de bombagem de água do país, que recorre ao rio Bengo para debitar 9.000 metros cúbicos por hora.

Integra ainda um centro logístico que garante a conservação e o processo de escoamento de toda a produção, incluindo dos pequenos produtores instalados na Quiminha.

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