Segundo um comunicado enviado hoje à Lusa, o MISA-Moçambique descreve que, "durante a vandalização, os oito homens armados procuraram saber junto dos dois jovens [o filho do jornalista e um seu amigo] o paradeiro de John Chekwa", que se encontra fora de Catandica, província de Manica, desde fevereiro.

"O meu filho e o amigo eram agredidos com armas e pisados com botas. Alguns diziam ao meu filho e ao amigo 'vamos matá-los aqui mesmo' e outros diziam ?não, vamos levá-los ao 'matadouro'", contou John Chekwa, citado no comunicado.

Os jovens, segundo o MISA, conseguiram fugir e ficaram escondidos no mato até ao amanhecer.

A organização disse que os homens armados, segundo os relatos das vítimas, se identificavam como membros das Forças de Defesa e Segurança, e faziam-se transportar numa viatura Mahindra.

"Na mesma viatura, havia outras pessoas introduzidas por baixo dos bancos, que estavam a ser torturados", prossegue o comunicado, acrescentando que "desconhece-se o paradeiro dessas pessoas que se presume serem suspeitos de pertencerem à Renamo [Resistência Nacional Moçambicana, maior partido de oposição].

A Polícia moçambicana negou ter conhecimento de qualquer ação contra o jornalista, informando que o caso não foi denunciado às autoridades.

"Eu acabo de interagir com o comandante distrital de Baruè e ele disse que era mentira", declarou à Lusa Leonardo Colher, chefe do departamento das relações públicas no comando provincial da Polícia de Manica.

No comunicado do MISA, John Chekwa é descrito como "persona non grata" para o governo distrital e também para o provincial de Manica, "tendo sido colocado na lista negra por causa dos trabalhos que faz na Rádio Catandica, particularmente na área da governação", e sendo acusado de manter uma linha editorial favorável à oposição.

"Tudo isto é por causa do trabalho que eu presto para a comunidade. Eu dou voz àqueles que não têm voz, e o Governo tem acusado a Rádio Catandica de estar a favorecer a oposição em Baruè. Esta é a razão desta perseguição", declarou o jornalista à Lusa.

Durante a invasão da casa de Chekwa, de acordo com o MISA, os homens armados apoderaram-se de vários bens do jornalista, incluindo um televisor, um descodificador de sinal de televisão via satélite, um leitor de DVD, computadores, câmaras e gravadores digitais, documentos e dinheiro.

A organização considera que aqueles acontecimentos são "atos graves que atentam contra o direito à liberdade de imprensa e de expressão" e pede à polícia e Procuradoria da República "que investiguem, identifiquem e responsabilizem os autores desta ameaça".

HB/AYAC // VM

Lusa/Fim