"Há necessidade dos países se encontrarem para colocar sobre a mesa as dificuldades existentes em cada um dos países para se atingir os objetivos. Temos sobre a mesa uma proposta conjunta de Portugal e Cabo Verde neste sentido, mas é preciso que os países se encontrem, discutam e analisem como implementá-la", disse a secretária executiva.

Maria do Carmo Silveira discutiu esse assunto hoje, primeiro dia da sua visita de três dias ao arquipélago, com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades são-tomense, Urbino Botelho.

"O Secretariado [Executivo] está a espera que essa reunião se concretize para que se possa dar um passo importante nessa questão, que é de extrema importância para os cidadãos dos nossos Estados membros", explicou a secretária executiva, que considera este tema como "uma das questões que gostaria de ver avançar" durante o seu mandato.

A responsável faz um balanço positivo de 20 anos da CPLP, que "cresceu bastante em visibilidade externa, afirmou-se um palco de concertação político diplomática entre os Estados membros, desenvolveu ações de cooperação nos diferentes domínios e tem desenvolvido ações de promoção da língua portuguesa por todo o mundo".

Mas defende também que a organização comunitária "precisa de olhar para dentro dos países para passar a ser mais conhecida dos cidadãos para que os cidadãos dos Estados membros se envolvam mais e tenham mais conhecimento da CPLP".

Nesse sentido, considera necessário promover um quadro para que a sociedade civil se envolva, a juventude e os empresários possam se interagir.

No âmbito económico, lembrou que última cimeira dos chefes de Estado adotou uma nova visão estratégica que desafia a CPLP a um conjunto de atividades para além daquelas que são tradicionais.

"Há uma aposta para setores novos como a dos oceanos e plataformas continentais que é uma área em que todos os membros da CPLP têm um potencial. Todos têm fronteiras marítimas, têm zonas económicas exclusivas, alguns são arquipélagos, por isso há necessidade de darmos uma atenção a esse potencial que existe ao nível da CPLP", sublinhou.

"Mar e oceanos têm que ser vistos, quer do ponto de vista económico como tendo um potencial enorme para o desenvolvimento económico e social dos países, quer do ponto de vista de segurança ou da proteção do ambiente", acrescentou.

Ainda sobre esse assunto, a responsável falou sobre a intenção da organização em promover "um encontro ao mais alto nível para se discutir a questão dos mares e das plataformas continentais no espaço da CPLP", que São Tomé e Príncipe em particular encara como "extremamente importante".

Maria do Carmo Silveira defende igualmente que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa deve focalizar a sua cooperação em áreas estratégicas para evitar a situação atual que é de "muita dispersão".

"Os projetos são desenvolvidos em quase todos os setores e há necessidade para que a CPLP focalize a sua ação em setores concretos e possa produzir resultados visíveis e palpáveis para a população", concluiu.

Na terça-feira a secretária executiva tem agendado encontro agendado com a Câmara de Comércio Agricultura e Serviços, com os embaixadores da CPLP acreditados em São Tomé e Príncipe.

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Lusa/fim