"(Jacob Zuma) não mencionou isso (o pedido de mediação da crise política) comigo", afirmou Nyusi, falando em conferência de imprensa em Maputo, no balanço da reunião do Órgão de Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre a crise política no Lesoto.

O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, Afonso Dhlakama, disse na semana passada que Zuma está disposto a mediar a crise política no país, após um pedido endereçado pelo movimento ao Governo sul-africano.

"Sim, já tive resposta. A Igreja Católica já manifestou a prontidão, só que não pode por si só, estas coisas de mediação sabem, é preciso que ambos os lados estejam disponíveis. É preciso que a Frelimo e o Governo demonstrem também esta boa vontade. E também tenho indicações que o Presidente (Jacob) Zuma está disposto a ajudar os irmãos moçambicanos", afirmou Dhlakama, falando por telefone, para quadros do seu partido na Beira, capital da província de Sofala, centro do país.

Além de propor o envolvimento do chefe de Estado sul-africano, a Renamo defende a intervenção da Igreja Católica na mediação do diferendo que opõe o partido ao Governo moçambicano, desde o anúncio dos resultados das eleições de outubro de 2014, que o principal partido de oposição considera terem sido fraudulentos a favor da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder.

Questionado pela comunicação social moçambicana à chegada de Gaborone, capital do Botsuana, o Presidente moçambicano afirmou que no encontro que manteve com Jacob Zuma na segunda-feira, no âmbito da reunião da SADC, não foi feita nenhuma referência ao pedido de mediação supostamente formulado pela Renamo.

Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

O paradeiro de Afonso Dhlakama é alvo de muito debate no país, uma vez que não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.

Nos pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter voltado para Satjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.

Satjundjira foi o lugar onde Afonso Dhlakama esteve baseado entre abril de 2013 e setembro de 2014 nos confrontos entre o seu braço armado e as forças de defesa e segurança, devido ao litígio com o Governo em torno da lei eleitoral.

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