"O acesso ao crédito para o desenvolvimento é a única resposta e permitirá também relançar a economia global, com os condicionalismos necessários à mitigação do risco, à boa governança, à luta contra os fluxos financeiros ilegais", disse Trovoada, no seu discurso perante a 71.ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

Numa intervenção em francês, e não em português como a maioria dos restantes líderes de países de língua portuguesa, o governante são-tomense descreveu São Tomé e Príncipe como "uma jovem democracia que funciona há 26 anos e acaba de eleger democraticamente o seu quarto Presidente da República".

Lembrando tratar-se de um Estado insular e do segundo país mais pequeno de África, sem recursos minerais, Trovoada argumentou que o país fez "progressos notáveis em matéria de desenvolvimento humano".

Uma taxa de escolarização superior a 97%, uma cobertura de eletricidade de cerca de 60%, uma taxa de penetração da internet "em crescimento exponencial" e a mais baixa taxa de malária do continente africano foram alguns dos exemplos apresentados.

"Estamos aparentemente em condições de concretizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando no entanto que "o dinamismo da sociedade civil e a constância da classe política" de São Tomé e Príncipe "não representam necessariamente um bónus em matéria de crescimento económico".

Defendeu que "não há democracia perene se não houver crescimento económico sustentado" num país que tem 60% da população com menos de 20 anos.

"Nós, governo, fazemos a nossa parte. Promovemos atos e reformas e obtemos resultados. Mas convidamos também as nações desenvolvidas a garantir que o seu compromisso com o financiamento do desenvolvimento sustentável é respeitado", lançou, referindo-se a um financiamento "capaz de eletrificar o continente, de irrigar os campos, de combater as doenças e a fome e de promover a formação profissional".

Patrice Trovoada afirmou que é preciso "passar aos atos" e apelou ao acesso ao crédito para o desenvolvimento, como forma de promover o desenvolvimento de África, que disse estar "em atraso em praticamente todos os indicadores de desenvolvimento humano".

"Essa mesma África que tem pago um preço elevado pelo desenvolvimento das outras nações desde há séculos".

No seu discurso, de cerca de nove minutos, o primeiro-ministro são-tomense apelou ainda à "adoção urgente do projeto de convenção geral sobre terrorismo" e defendeu a reforma da Organização das Nações Unidas, "tornando-a mais credível, mais efetiva, mais eficaz e mais representativa, deixando nomeadamente de manter a África como único continente sem assento permanente no Conselho de Segurança".

A 71.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, sob o lema "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: um impulso universal para transformar o nosso mundo", acontece a cerca de um mês da data prevista para o fim do processo de escolha do novo secretário-geral desta organização, no qual o português António Guterres é um dos candidatos.

FPA//ISG

Lusa/fim

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