Segundo os primeiros resultados do estudo do Afrobarometer/Afrosondagem relativo à Democracia em 2017, mais de três quartos (76%) dos cabo-verdianos mostram-se nada/pouco satisfeitos com o funcionamento da democracia.

Quase metade (44%) considera que o país tem uma democracia "com grandes problemas" e que a maioria (82%) dos políticos nunca/poucas vezes faz o melhor para ouvir aquilo que o povo tem para lhes dizer.

Apesar das críticas ao funcionamento, a maioria dos cabo-verdianos (70%) considera que a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo.

A sondagem notou que a maioria dos cabo-verdianos (70%) afirma que as pessoas são totalmente livres para dizerem o que pensam sobre a política e que seis em cada 10 consideram que a imprensa é livre para investigar e documentar os erros do Governo ou criticar as suas atividades e/ou desempenho.

Dois em cada três cabo-verdianos afirmam que os cidadãos têm liberdade para se filiar em qualquer organização política.

Sobre as formas de governar, a maioria (81%) dos cabo-verdianos aprova o multipartidarismo, contra 16% dos cabo-verdianos que ainda aprovam o monopartidarismo.

Quanto à escolha dos líderes, a maioria dos cabo-verdianos (72%) entendem que deve ser feita através de eleições, enquanto 12% acham que deveria ser por outros meios, que não especificam.

Relativamente ao grau de democracia, uma pequena proporção dos cabo-verdianos (13%) considera que o país tem uma democracia completa, mais de um terço (37%) entendem que há pequenos problemas.

O estudo analisou também as atitudes face ao mercado e à economia, onde a maioria dos cabo-verdianos (58%) consideram que o país está sendo dirigido na direção errada, contra 38% que defendem que o país está na direção certa.

Relativamente à atual condição económica do país, é considerada má por cerca de metade dos cabo-verdianos (47%), numa apreciação idêntica à dos resultados registados em 2014.

Segundo o inquérito, pouco mais de um quinto dos cabo-verdianos qualificam as suas condições de vida como sendo boas e a maioria (72%) acha que vai melhorar nos próximos tempos.

Sobre a segurança, o estudo concluiu que a perceção de insegurança vem diminuindo ao longo dos anos, mas mesmo assim continua num grau elevado em Cabo Verde.

"A diferença entre a perceção da violência e a realidade vivida em termos de segurança é bastante acentuada, sendo que a maioria dos cabo-verdianos não têm sido vítimas de qualquer tipo de violência", constatou a Afrosondagem.

A Afrosondagem está ligada à Afrobarometer, uma rede de pesquisa apartidária em 36 países africanos, e já realizou inquéritos idênticos em 2002, 2005, 2008, 2011 e 2014 sobre as atitudes dos cidadãos em matéria de democracia, governação, economia, sociedade civil, e outros tópicos.

Nesta sondagem, com recolha de dados entre 20 de novembro e 05 de dezembro de 2017, foram entrevistadas cerca de 1.200 pessoas com mais de 18 anos nas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Fogo e Santiago, e o estudo tem uma margem de confiança de 95%.

A Afrosondagem vai fazer ainda novas apresentações sobre confiança nas instituições, performance do Governo, avaliação do estado da justiça, corrupção, equidade e igualdade de género e participação política.

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