Marta Temido falava aos deputados da comissão parlamentar da Saúde durante uma audição sobre dívidas do setor e a propósito da denúncia de um dirigente da Associação Portuguesa de Empresas de Dispositivos Médicos (Apormed) sobre o cada vez mais frequente recurso à consignação.

Este instrumento permite que os hospitais tenham acesso a alguns dispositivos e que só mais tarde seja emitida nota de cobrança do mesmo, o que na realidade alarga o prazo de pagamento.

Questionada por vários deputados sobre este recurso, que segundo a Apormed aumentou 40% desde dezembro do ano passado, Marta Temido disse que há situações em que as consignações são justificáveis.

"No caso de uma cirurgia, pode-se adquirir uma caixa de lentes à consignação e a nota de liquidação só ser passada após conhecido o número de lentes que foram usadas. Estas são as consignações justificáveis", disse Marta Temido.

A presidente da ACSS deixou, no entanto, um aviso: "Algumas [consignações] que queiram ocultar a realidade da despesa são matérias que não defendemos e não podemos dar qualquer tipo de cobertura".

Confrontada com as denúncias dos vários credores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que hoje alertaram para o aumento das dívidas dos hospitais públicos, durante as suas audições na Comissão Parlamentar da Saúde, Marta Temido disse que estas se situavam nos 702 milhões de euros, em março deste ano.

Marta Temido reconheceu a existência de um "problema", o qual o executivo mantém a intenção de resolver até ao final da legislatura.

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