"Há solução, eu tenho esperança que possa haver uma mudança no Brasil" em relação à questão da corrupção, afirmou à agência Lusa Judivan J. Vieira, que é procurador-geral federal em Brasília e escritor.

O procurador-geral federal brasileiro está em Portugal para acertar os detalhes da publicação simultânea de três dos seus livros, com datas ainda a confirmar, pela Chiado Editora.

Segundo Judivan J. Vieira, a Suécia e Singapura já foram considerados países corruptos e, após a implementação de políticas específicas, hoje são considerados muito transparentes pelas organizações internacionais.

"A Suécia e Singapura aplicaram estratégias contra a corrupção, entre as quais a meritocracia, o estímulo à denúncia de casos de corrupção e também investiram muito na educação, nomeadamente no desenvolvimento de uma consciência ética", sublinhou.

"Se nós não fizermos isso no Brasil, iremos perder uma geração atrás da outra. Nós precisamos de tempo, de algumas gerações para obtermos uma nova com um pensamento diferenciado, talvez necessitemos de 30 anos", declarou o escritor, que publicou alguns livros sobre corrupção.

Para Judivan J. Vieira, os elementos que compõem a corrupção, em qualquer lugar do mundo, são o interesse pessoal e a ganância, as leis flexíveis que ficam à mercê de interesses de poucos, e a falta de controlo, apesar da existência de múltiplos órgãos, que proporcionam a permissividade diante da corrupção.

"O abuso do poder também é uma das causas da corrupção no Brasil e no mundo. Há pessoas que detém cargos e funções, nomeadamente no setor público, que não respeitam os limites de suas atribuições pessoais", referiu o procurador-geral federal.

O autor declarou que há pessoas que individualmente cometem atos de corrupção e outras que formam grupos, tanto no setor público como no privado.

"O exemplo disso é o que vemos no Brasil atualmente", sublinhou.

No livro 'O Gestor, O Político e o Ladrão' -- romance de espionagem ficcional que é uma das três obras do autor a ser lançadas em Portugal - Judivan J. Vieira diz que se inspirou na realidade e explica bem a corrupção, "de forma didática".

O autor, natural do estado da Paraíba, disse que nesta obra mostra "as causas da corrupção, as associações que são formadas para sangrar os cofres públicos, sempre em benefício de pessoas, famílias, de grupos, de clãs e de instituições".

Judivan J. Vieira também é autor da obra "Corrupção no Mundo", lançado em 2014 no Brasil, com 700 páginas divididas em cinco volumes, sendo resultado de sete anos de uma pesquisa que envolveu autores argentinos, chilenos, uruguaios, mexicanos, norte-americanos e alemães.

O procurador brasileiro, também publicado em outros países, disse ainda que "os exemplos negativos dos governantes, sem dúvida alguma, acabam por contagiar a população".

"Desde o princípio da humanidade, as pessoas são educadas pelo exemplo, pela observação, pela tradição e essa continua a ser, talvez, a fórmula mais eficaz de aprendizagem (...). Uma boa parcela dos homens corruptos das ruas decorrem do exemplo dos homens corruptos das funções públicas", sublinhou.

Judivan J. Vieira é licenciado em direito pelo Centro Universitário de Brasília (Uniceub), pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg) e pela Universidade de Brasília (UnB).

Estudou ainda Tradição Civilística e Direito Comparado na Universidade de Roma Tor Vergata e concluiu o doutoramento em Ciências Jurídicas e Sociais, na Universidad Del Museo Social Argentino, em Buenos Aires.

Em Portugal, também irá lançar os livros "Sivirino Com 'i' e o Deus da Pedra do Navio", que é um romance satírico, e o livro de autoajuda "Obstinação -- O Lema dos que Vencem".

Também é autor das obras "A mulher e sua luta épica contra o machismo", "Técnicas para Você Ficar Doidão" e "Bem-vindo ao meu Pesadelo".

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