Kendrick Lamar atuou no sábado em Portugal pela segunda vez. Há dois anos esteve no Porto, onde não teve metade do público, nem a reação de êxtase que conquistou, no Meo Arena.

Na altura trazia apenas um álbum, "Good kid, M.A.A.D. City". De lá para cá gravou mais dois -- "To pimp a butterfly" (2015) e "Untitled Unmastered" (2016), venceu sete Grammy, atuou na Casa Branca e tornou-se um fenómeno de popularidade. A heterogeneidade de público que acudiu ao Meo Arena demonstra isso mesmo.

Acompanhado de uma banda, o 'rapper' tocou, ao longo de cerca de 1:20, quase 20 temas, muitos acompanhados em coro pelos milhares presentes, como "Backseat Freestyle", "Complexion (A Zulu Love)", "Bitch, don't kill my vibe", "M.A.A.D City" ou "King Kunta".

Ao longo do concerto parou algumas vezes para, em silêncio, olhar para o público e agradecer, e parecia genuinamente agradecido.

Para o encore guardou "Alright" e o público saiu com a sensação que "we gon'be alright" [vamos ficar todos bem], apesar de "haver muita coisa louca a passar-se neste mundo".

O concerto serviu também para "celebrar a vida agora", por "todas as vítimas destas últimas duas semanas" (o 'rapper' deveria estar a referir-se a violência racial nos Estados Unidos, ao atentado em Nice e ao golpe de estado falhado na Turquia).

Antes de Kendrick Lamar, que faz 30 anos em 2017, subiram ao palco os também norte-americanos De La Soul, que completam no ano que vem 30 anos de carreira, e são "uma verdadeira inspiração" para o 'rapper' da Califórnia.

Os dois MC (mestres de cerimónias) e um DJ encheram o palco com rimas e batidas e conseguiram criar ao longo de todo o concerto uma interação intensa com o público.

Esta foi a terceira vez que estiveram em Lisboa (2003 e 2008), mas nunca com tanto público.

Kelvin Mercer deixou um recado: "Não vimos cá muito, gostávamos de vir mais. Vocês sabem divertir-se". Pela reação do público, também os portugueses gostariam de vê-los mais vezes ao vivo.

À mesma hora dos De La Soul, atuavam os GNR, que fora da toada hip hop, celebraram os trinta anos do álbum "Psicopátria", com canções que sobreviveram à passagem do tempo, para uma plateia meio cheia e ainda incluíram, extra alinhamento do disco, "Video Maria".

No palco por baixo da pala do Pavilhão de Portugal, Capicua afirmou que sábado era um dia pelo qual há muito esperava.

Acompanhada de M7, sempre a incentivar o público a reagir, Capicua recuperou "Medusa", "Medo do Medo", "Fumo denso", feito para DJ Ride, e "Casa de Campo". Em "Pedras da calçada" citou Sérgio Godinho e em "Vayorken" passou por "Rapper's Delight", dos The Sugar Hill Gang.

Capicua impôs ainda um arsenal feminino de 'rappers', ao interpretar "Maria Capaz", acompanhada de Blaya, T-Von, W-Magic e Blink.

À mesma hora, mas na Meo Arena, os Orelha Negra davam ao público temas novos, de um álbum ainda sem data de edição prevista, e outros mais antigos, como "M.I.R.I.A.M." e "Throw Back". A banda misturou ainda temas dos Mind Da Gap, "Todos Gordos" e "Dedicatória", uma ode ao hip-hop.

Do palco Antena 3, um destaque para a abertura e o fecho, com Slow J a "cumprir um sonho em tocar no dia de Kendrick Lamar" e uns meses antes de editar o primeiro álbum, e Moullinex que pôs, entre outros convidados, Samuel Úria a cantar "Kiss" e Selma Uamusse a interpretar "Musicology", numa homenagem a Prince, que morreu em abril.

O próximo festival SBSR já está marcado: de 13 a 15 de julho de 2017, no Parque das Nações, em Lisboa.

JRS/SS // DM

Lusa/fim

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