"Porque são raros os compositores de 'uma só cara', o programa deste concerto reúne três obras que preencheriam com distinção o 'Lado B' do mais valioso disco de coleção", refere a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) sobre o reportório que na sexta-feira apresentará em Óbidos.

A escolha da OML para o segundo concerto da temporada de música na vila recai em "registos expressivos que contradizem as imagens que vulgarmente associamos aos compositores em causa", como o famoso Bolero de Maurice Ravel, os prelúdios para guitarra de Heitor Villa-Lobos ou a Quinta Sinfonia de Ludwig van Beethoven.

Sob a direção do maestro Pedro Neves, o Santuário do Senhor da Pedra será palco para "Pavana para uma infanta defunta", peça escrita por Ravel para ser tocada ao piano e mais tarde adaptada pelo próprio compositor para ser tocada por orquestra.

Seguir-se-á o Concerto para Guitarra e Pequena Orquestra, estreado por Villa-Lobos nos Estados Unidos da América em 1956 e que inclui "uma "Cadenza" para o solista no final do segundo andamento, a pedido do dedicatário da obra, o lendário guitarrista Andrés Segovia", refere a OML citada numa nota de imprensa da câmara de Óbidos.

Por fim, "na vez do carisma impetuoso da Quinta Sinfonia de Beethoven, ouve-se o experimentalismo sonoro da Sinfonia Pastoral", que segundo a OML levará ao santuário "ritmos obstinados, transformações progressivas, encadeamentos melódicos e texturas orquestrais cujo efeito os livros não explicam."

O concerto é o segundo da temporada e o primeiro de cinco a realizar no Santuário do Senhor Jesus da Pedra, inaugurado em 1747 e a necessitar de obras de requalificação para as quais a OML pretende chamar a atenção, através do espetáculos protocolados com a câmara de Óbidos.

Contactado pela agência Lusa, o Patriarcado de Lisboa remeteu para a paróquia de Óbidos, onde se localiza o Santuário, esclarecimentos sobre as obras previstas para o templo barroco.

À Lusa o pároco da freguesia, padre Paulo Gerardo, explicou que "a paróquia e a câmara têm avaliado as possibilidades de candidatar as obras a apoios comunitários", pretensão que tem sido inviabilizada pelo facto o santuário não estar classificado como monumento nacional.

O restauro da igreja está orçado em cerca de 1,5 milhões de euros, mas num esforço conjunto a autarquia e a paróquia pretendem avançar com "uma intervenção urgente", na ordem dos 124 mil euros, visando combater as infiltrações que, entre outros danos, põem em causa as pinturas a fresco, bem como as madeiras do templo, datado do século XVIII, que foi pensado por D. João V como centro das romarias religiosas.

Ainda segundo o pároco "está em curso a criação de uma associação de amigos do Santuário", integrando "voluntários empenhados em organizar eventos de angariação de fundos para a recuperação" e que poderá integrar "empresas que ao abrigo do mecenato queiram colaborar para o restauro".

O concerto terá início às 21:00 e a temporada, a primeira que a Metropolitana assume com uma autarquia fora da Área Metropolitana de Lisboa, prolongar-se-á até novembro.

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