Nuno Côrte-Real disse à agência Lusa que a ópera, a quarta na sua carreira, foi encomendada pelo Quarteto Contratempus.

"Aceitei, porque me sinto muito bem na ópera. É um género musical de que me sinto muito próximo, ao juntar cena, palavras, ritmo dramático e cénico, e que me faz puxar pela imaginação e ir por caminhos que não iria", explicou.

"Os dilemas dietéticos de uma matrioska do meio" tem a particularidade de ser uma ópera "buffa" - uma ópera cómica, "que divertisse as pessoas e as fizesse rir", como foi pedido pelo Quarteto Contratempus.

Na música, confessou, "é mais difícil fazer comédia do que tragédia", dado o seu lado mais imediato e preciso, mas, ainda assim, encarou o projeto como "um novo desafio".

Com duração de 80 minutos, a ópera junta em palco dois cantores e três instrumentistas. "É uma ópera versátil e fácil de apresentar, por isso tem uma maior possibilidade de itinerância".

Por esse motivo, a produção vai iniciar no Porto uma digressão, a decorrer até ao final do ano, que vai passar, para já, a nível nacional, por Esposende, Leiria, Ponte de Lima, Faro, Viana do Castelo, Matosinhos, Montemor-o-Novo e Viseu e que, a nível internacional, inclui o Brasil, com atuações nas cidades de São Paulo (27 e 28 de abril) e Rio de janeiro (05 de maio).

Com libreto de Mário João Alves, cantor e escritor, e encenação de António Durães, a ópera conta a história da vida social de uma família de matrioskas, que, em 1866, vai viver para São Petersburgo. A filha do meio, Ludmila, num encontro casual, conhece Raskolnikov, protagonista do romance "Crime e Castigo", de Dostoievsky, pelo qual se apaixona, mas, devido a perturbações alimentares, é salva de um grande desgosto pelo nutricionista do czar, Dr. Musa Ramelov.

"A personagem de Dostoievsky traz um sentimento de arrependimento do 'Crime e Castigo', introduzindo um contraste dramático, na atmosfera cómica", concluiu Nuno Côrte-Real.

O elenco conta com Teresa Nunes (soprano), Crispim Luz (clarinete), Susana Lima (violoncelo) e Brenda Vidal Hermida (piano), músicos fundadores do Quarteto Contratempus, criado no contexto académico da Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo, do Porto, aos quais se junta agora o barítono Job Tomé.

Nuno Côrte-Real soma mais de meia centena de obras, para diferentes formações vocais e instrumentais e, entre elas, contam-se três óperas, a que junta agora a "Os dilemas dietéticos de uma matrioska do meio".

Em 2007, apresentou as óperas de câmara "A Montanha", com libreto inspirado em clássicos da literatura portuguesa, e "O Rapaz de Bronze", sobre a história de Sophia de Mello Breyner Andresen, encomendadas pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Casa da Música, respetivamente.

"Banksters", encomendada pelo Teatro Nacional de São Carlos, com libreto de Vasco Graça Moura, foi estreada em 2011.

Nuno Côrte-Real adaptou ainda para português as óperas "L'Oro Non Compra Amore", de Marcos Portugal, "As Bodas de Fígaro", de Mozart, e "O elixir d'amor", de Donizetti.

O compositor é regularmente interpretado por orquestras e formações como a Royal Scottish Academy Brass, as orquestras Sinfónica Portuguesa e Metropolitana de Lisboa, o Remix Ensemble e a OrchestrUtópica, e por solistas e regentes como Stefan Asbury, Kaasper de Roo, Cristoph Konig, Paul Crossley, John Wallace, David Alan Miller, Mats Lidstrom, Paulo Lourenço e Cesário Costa.

A estreia, no Porto, está marcada para as 21:30, seguindo-se nova récita no domingo, às 17:30.

FYC // MAG

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