No final de uma manifestação em frente à sede da Fundação INATEL, os trabalhadores exigiram à administração que o processo negocial com os sindicatos se inicie a 14 de dezembro e reclamaram "aumentos salariais, a aplicação da contratação coletiva, redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais e 25 dias úteis de férias", disse hoje à agência Lusa o dirigente sindical do INATEL, Fernando Pinto.

O presidente da Fundação Inatel, Francisco Madelino, por sua vez, disse ter "dificuldade" em perceber a greve de hoje, marcada pelo Sindicato de Hotelaria do Norte, para exigir, nomeadamente aumentos salariais que não se enquadram no Orçamento do Estado para 2017.

"Tenho dificuldade em perceber esta greve, sobretudo no que respeita à solicitação de aumentos salariais ou de reclassificações profissionais", afirmou o responsável, em declarações à Lusa, lembrando que a Fundação Inatel é uma entidade pública e, por isso, está proibida por lei de os fazer.

Mas para o sindicalista Fernando Pinto, as reivindicações dos trabalhadores (aumentos salariais, reclassificações/progressões e a contratação coletiva) são de "natureza jurídico-privada e têm a ver com a gestão".

"Está mais do que na hora de serem cumpridas pela administração, uma vez que esta herda as reivindicações das administrações anteriores", disse, lembrando que "a Fundação INATEL é uma instituição pública, o património é público e isso é mais do que sabido, mas as administrações desde 1998 têm autonomia".

Nesse sentido, "podem negociar a convenção coletiva e aumentos salariais, desde que não ponham em risco a empresa e o seu futuro", esclareceu.

O dirigente sindical explicou ainda que a greve de hoje de 24 horas e a manifestação são ações de luta dos trabalhadores porque estes "recebem baixos salários e não são aumentados há mais de seis anos, sendo que o último aumento salarial negociado com os sindicatos ocorreu em 2010".

"A administração atual também retirou as reclassificações, alegando que estas não cumpriam o Orçamento de Estado, argumento a que já recorria a administração anterior que estava em demissão", esclareceu o sindicalista, lamentando que "também não a ratificou".

"Mas há necessidade de o fazer, uma vez que há mais de seis anos que não há aumentos salariais", repetiu.

Segundo Fernando Pinto, a administração anterior "decidiu reclassificar 200 trabalhadores do INATEL. Não se tratou de promoções. Assim conseguiu-se a paz social, mas só foi abrangida uma parte dos trabalhadores. A atual administração, por sua vez, decidiu acabar com as reclassificações, justificando que não há aumentos salariais na empresa".

"Há diversas formas de esfolar um coelho e é preciso que dialogue, coisa que até agora não fez [a administração]", lamentou.

"A [atual] administração aceitou as condições para vir para uma instituição de domínio público, mas de natureza jurídico-privada. Assim sendo, pode aplicar a contratação coletiva", disse.

JS (ICO)// ATR

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