Afinal o “efeito Erdogan” acabou por se virar contra o feiticeiro. Do ponto de vista eleitoral, o resultado dos acontecimentos do último fim de semana envolvendo a Holanda e a Turquia eram uma incógnita. Ontem, contados os votos, conclui-se que os holandeses terão gostado da atitude firme de Mark Rutte ao impedir a entrada dos dois ministros turcos, mas não consideram que se deva hostilizar, ostracizar ou expulsar os muçulmanos em particular e os imigrantes em geral.

É de notar que a extrema direita de Vilders (e outros partidos menores no mesmo espectro) perdeu para a direita conservadora, à semelhança do que poderá acontecer em França. O mais provável é formar-se uma coligação dos quatro partidos conservadores mais votados, neoliberais e democratas-cristãos.

Por outro lado, a esquerda está em queda (excepto os Verdes), sendo de notar a perda de votos do Partido Trabalhista. Isso não impede que as esquerdas europeias festejem a derrota de Wilders, que acham mais importante do que a sua própria derrota. E nas redes sociais, em Portugal, não falta quem lembre que o PvdA, que perdeu 29 deputados, é o partido do nosso ódio de estimação Jeroen Dijsselbloem.

Um caso pouco comentado é o do DENK, um partido formado por dois turco-holandeses, Tunahan Kuzu e Selçuk Öztürk, dissidentes do Partido Trabalhista em 2014. Em Roterdão, o Denk conseguiu mais votos que o VVD  e chega ao Parlamento pela primeira vez, com três deputados.

Embora defenda oficialmente “uma sociedade tolerante e solidária”, sabe-se que o partido fez pressão junto dos imãs muçulmanos para que os fieis votassem nele. Segundo alguns comentadores, o DENK não faz mais do que praticar a "Taqiyya”, um preceito da Shariah que determina ser obrigação de um muçulmano mentir e enganar os infiéis para fazer proselitismo e fazer avançar o Islão.

O facto é que Wilders, tendo perdido eleitoralmente, mantém uma visibilidade que irá influenciar o comportamento da futura coligação. Espera-se uma firmeza, pelo menos no discurso, em relação aos estrangeiros que vivem na Holanda. Mark Rutte, que inevitavelmente continua como Primeiro Ministro, não deixou de salientar que a sua vitória se deveu à “politica firme” em relação à setas envenenadas enviadas por Erdogan.

E certamente que os imigrantes, turcos e marroquinos em particular, continuarão a sua atitude pró-activa nas ruas.

Pode considerar-se a eleição holandesa como uma espécie de ensaio geral das eleições francesas? Essa é a pergunta de quinhentos milhões de euros...